Tag: educação

  • retomadas: ciências terranas & tecnopoliticas & fabulações

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    Conversações Febris – 13 de agosto, quinta-feira, as 19hs – LINK pra SALA.

    Passadas algumas semanas de nosso ultimo encontro, queremos retomar a conversa para organizarmos um novo ciclo de atividades da Zona de Contagio a partir de agosto. As agendas já estão sendo engolidas pelo trabalho e demandas da vida. Urge sinalizar alguns horizontes de confluências pra que possamos abrir espaço para novos encontros.

    Seguindo a disponibilidade inicial, pensamos em manter as quintas-feiras (19hs `as 21hs) como um momento de encontro para a realização de atividades e produções coletivas (conversações febris, entrevistas; produção audiovisual, podcast, leituras e estudos coletivos etc). Um período reservado para respirarmos juntos, trocarmos experiências e também experimentarmos outras linguagens na criação e produção de conhecimento. 

    Seguiremos investigando as questões que emergiram e que ganharam consistência em nosso percurso do semestre anterior; tramando nas encruzilhadas entre as ciências dos dispositivos e as ciências das retomadas. Nossa investigação também implica numa meta-investigação sobre as formas de pesquisa e coprodução de conhecimentos [uma síntese do percurso pode ser consultada aqui]

    A Zona de Contágio pode se fazer como um experimento (um protótipo) de uma de rede de pesquisa entre as muitas experiências com que estamos implicadas; uma zona de confluência temporária entre as investigações e fazeres com que cada um aqui esta envolvido. Imaginar, inventar, conectar outros fazeres (ensino, pesquisa e extensão),  modos de produção de conhecimento, ciências e tecnologias, alianças entre espaços educacionais formais e não formais, experimentações de linguagens, transbordamentos e produções contra-disciplinares.

    Se os regimes hegemônicos de produção de conhecimento, ciência e tecnológica e a configurações atuais de suas instituições (universidades e escolas) são parte do problema que hoje enfrentamos (crise ambiental, covid-19, as muitas formas de reprodução do colonialismo, racismo e desigualdades); quais seriam então os desenhos possíveis de outros modos de conhecer (e suas instituições) que apontem para rotas de fuga do capitaloceno e das formas renovadas de dominação e exploração? Que tipo de conhecimento somos capazes de produzir na contramão do \”realismo político\” e das novas estratégias de controle? Onde aterrissar?

    Para o próximo encontro (13 de agosto – 19hs) sugerimos uma experimentação especulativa na abertura de novos possíveis: Conversações Febris – 13 de agosto, quinta-feira, as 19hs – LINK pra SALA

    *O que pode ser uma universidade terrana no tempo das catástrofes?

    *O que pode ser uma aula?

    Até lá receberemos materiais audiovisuais, textos, fotografias, audios que possam contribuir para inaugurar esse novo ciclo de conversas. Os materiais podem ser publicados diretamente como comentários neste post ou enviados para o email conspire [arroba] tramadora.net

    Os CEOS das grandes corporações de TI nos dizem hoje que a sala de aula “perdeu o sentido” e que as relações educacionais podem ser muito mais eficientes quando inteiramente mediadas pelas plataformas digitais, já que trata-se de produzir e fazer movimentar o “capital humano”. Edufactory cibernética, a redução de formas de conhecimento em “produção e gestão de conteúdo”. No entanto, desejamos fazer outras perguntas, contar outras histórias. É preciso abrir uma conversa epocal sobre o que significa uma aula, quais os sentidos da presença no que se refere à produção de conhecimento e da ciência e os sentidos fortes da experiência e do encontro que atravessam as formas de criação e de conhecimento – para além das disputas pelas grandes Verdades. Qual é o papel da universidade e dos espaços de educação informal como zonas de sinérgicas de pensamento-luta, diante da corrosão absoluta dos sentidos democráticos que vivemos hoje? Como podemos nos apropriar de outras tecnicidades que intensifiquem a experiência ao invés de neutralizá-las?

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    Sugerimos dois textos de inspiração para essa conversação febril:

    TORNAR-SE SELVAGEM, Texto de Jerá Guarani

    ONDE ATERRAR? Texto de Bruno Latour

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    Para participar e acompanhar a Zona de Contagio:

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  • Inventar brechas, saturar os controles: educação, crise da presença e imaginações tecnopolíticas

    Conversações Febris #5 – 18 de junho às 19hs

    Link para transmissão:

    para participar da sala de videoconf escreva para conspire [arroba] tramadora.net

    \”Governar o comportamento de pessoas ou máquinas exige mecanismos de controle que assegurem a ordem, contrapondo a tendência à desorganização. A chave do governo (“conduzir a conduta”) é a informação. A informação é estatística por natureza e se organiza segundo as regras da probabilidade. Conhecer os padrões de conduta do presente nos permitirá predizer e guiar as ações futuras. A informação (já não o interesse) é a “linfa vital” da ordem cibernética. Portanto, a Hipótese Cibernética já não confia na racionalidade do indivíduo (muito imperfeito, limitado, ignorante de si mesmo), nem tampouco na tendência ao equilíbrio do conjunto (e sim, o contrário), senão que trabalha na construção deliberada e consciente de um novo entorno socia: um sistema-rede de nós transparentes, em conexão e desconexão permanente, organizado em torno da gestão ótima da informação. O capitalismo cibernético. O pesadelo\” (Amador Fernández-Savater – O pesadelo de um mundo em rede).

    Quase três meses de confinamento – para alguns. Nesse pouco tempo, já vivemos uma reconfiguração tecnopolítica expressiva de nossas vidas. A expansão do teletrabalho, suas arquiteturas, disposições e ambientes atuam agora pelo regime TINA: there is no alternative. O teletrabalho nos exige provas de eficiência e sacrifício em longas jornadas como se tivéssemos que compensar o fato de que finalmente podemos ficar em casa. Estamos vendo agora, por muitos dispositivos, novas formas de medir, qualificar, avaliar – uma nova cidadania do desempenho que também é uma cidadania policial e gerencial: todos vigiam, todos denunciam, todos avaliam os “serviços” e dão sua nota, todos participam e se sentem convocados em “fazer sua parte”.

    Rapidamente as plataformas corporativas de ensino vão conformando um novo debate sobre a relação entre ensino e aprendizagem, sobre distância, conectividade, novas imagens de aprendizado, dispositivos de metrificação, organização e gestão do trabalho, avaliação e produção relacionados ao ensino. Os debates em torno das tecnologias de ensino à distância reforçam a ideia de que teremos que nos adaptar ao novo regime sociotécnico mais \”eficiente\”, mais correto e que eliminaria os desperdícios – sem dar a devida atenção para o fato de que agora chamam de desperdício o que costumávamos chamar de experiência. Os CEOS das grandes corporações de TI nos dizem que a sala de aula \”perdeu o sentido\” e que as relações educacionais podem ser muito mais eficientes dessa forma já que trata-se de produzir e fazer movimentar o \”capital humano\”. Edufactory cibernética, a redução de formas de conhecimento em \”produção e gestão de conteúdo\”.

    Estamos atordoados diante da nossa brutal incapacidade coletiva de pensar alternativas sociotécnicas que possibilitem autonomia, radicalização democrática ou uma forma de experiência que não seja a do desempenho, das muitas formas de avaliação, certificação, controle e modulação existencial. E essa paralisia é também uma crise de presença diante das novas urgências. Estamos diante de uma escolha infernal: aderir ou recusar.

    No entanto, desejamos fazer outras perguntas. É preciso abrir uma conversa epocal sobre o que significa uma aula, quais os sentidos da presença no que se refere à produção de conhecimento e os sentidos fortes da experiência que atravessam as formas de criação e de conhecimento. Qual é o papel da universidade e dos espaços de educação formal, como espaços de encontros de pensamento-luta, diante da corrosão absoluta dos sentidos democráticos que vivemos hoje? Essa corrosão se produz desde um entrelaçamento entre os novíssimos modos de extração neoliberal-cibernético com formas muito antigas de racismo neocolonial. Muito da arquitetura tecnoalgorítmica de vigilância, comando, controle, mas também de desempenho e de eficiência tem a ver com esse entrelaçamento.

    Como redesenhar a pesquisa, o ensino universitário e escolar para uma lógica da conjunção? Que arranjos acadêmicos, investigativos, pedagógicos e de convívio poderiam ativar uma fratura que permita “pular os muros” da lógica proprietária do conhecimento, mas cair longe deles? Como manter, por algo despertado na quarentena, nossa capacidade de decifrar os signos segundo o desejo, liberando espaço para a vibração do desejo-pesquisa, desejo-educação, desejo-arte, desejo-luta?

    Contra-pedagogias da encruzilhada: Não uma recusa técnica, mas uma tecnopolítica que sustente formas de existência não-fascistas, não-binárias, emaranhadas. Como pensar a corrosão democrática a partir da aposta na disputa dos regimes de conhecimento – as disputas em relação à ciência, os saberes menores e não autorizados, as ontoepistemologias dos saberes das lutas que possam reconfigurar nossas arquiteturas e espaços de conhecimento?

    Como escapar das escolhas infernais?

    Para essa #5 Conversações Febris, dia 18 de junho as 19hs, sugerimos também algumas leituras pra inspirar essa conversa.

    Link para transmissão:

    para participar da sala de videoconf escreva para conspire [arroba] tramadora.net

    Luiz Rufino Rodrigues Junior, Pedagogias das encruzilhadas, Revista Periferia, v.10, n.1, p. 71 – 88, Jan./Jun. 2018. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/periferia/article/view/31504/

    Antonio Lafuente: Elogio à sensorialidade da Cultura: https://outraspalavras.net/tecnologiaemdisputa/elogio-a-sensorialidade-da-cultura/

    PARRA, H.Z.M.; CRUZ,L.; AMIEL, T.; MACHADO,J. Infraestruturas, Economia e Política Informacional: o Caso do Google Suite For Education. MEDIAÇÕES, Londrina, v. 23 n. 1, p. 63-99, Jan./un. 2018. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/32320/pdf

    Gigantes da tecnologia estão usando esta crise para colonizar o Estado: https://jacobin.com.br/2020/05/gigantes-da-tecnologia-estao-usando-esta-crise-para-colonizar-o-estado/

    Naomi Klein, Coronavírus pode construir uma distopia tecnológica: https://theintercept.com/2020/05/13/coronavirus-governador-nova-york-bilionarios-vigilancia/

    Giorgio Agamben: Réquiem para os estudantes: https://n-1edicoes.org/082

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