Category: urucum

  • O Brasil é uma hipótese improvável: Mc Beijinho e as faíscas de redenção

    Por: Alana Moraes

    fonte: http://vaidape.com.br/2017/01/o-brasil-e-uma-hipotese-improvavel-mc-beijinho-e-as-faiscas-de-redencao/

    Foto: Divulgação

    Um menino foi preso em Salvador – e os meninos presos são quase todos pretos, como diz a canção. Do outro lado, um programa de televisão “cobre” a ação policial. Mais do que transmitir a cena, o que esses programas fazem diariamente é produzir doses diárias de fé na punição, de medo do outro, de racismo e cumplicidade com o genocídio da população negra e com a explosão do encarceramento. Ódio, medo, punição e violência compõem o roteiro da oração diária dessas encenações midiáticas feitas para os homens de bem e para que a máquina de pacificação dos pobres não pare nunca de girar.

    Desse enquadramento anestesiado de todos os dias, emerge a hipótese improvável. Um verdadeiro acontecimento. O menino escapa da cena esperada, rasga o roteiro, improvisa e começa a cantar uma música. É a sua música. O menino agora tem um nome. Ele se chama Ítalo. Seu canto é um ato de descumprimento. Ele canta apesar do massacre em Roraima. Ele canta apesar do Massacre em Manaus. Ele canta também apesar da morte brutal de Luiz Carlos Ruas, assassinado pelos cumpridores dessa mesma ordem. Ele canta evocando os tambores do Pelô e sua canção de liberdade escapa para todos os lados.

    O repórter não entende a dignidade do ato. É mais que dignidade: é a ruptura com esse lugar da humilhação. É também a potência do Brasil em sua insurreição perpétua e subterrânea: a casa grande nunca foi capaz de ouvir o barulho das insubmissões cotidianas, do que nunca foi possível de governar.

    A revolução será feita também dos ritmos imponderados, dos corpos em festa e desses momentos improváveis capazes de paralisar a miséria fascista que só deseja prender e exterminar. Desviar dos enquadramentos e multiplicar nossa possibilidade de fuga: o sistema não apenas encarcera, mas também age para tornar dóceis nossos corpos. Me liberar, nos liberar.

    Assim é o hit do verão em Salvador.

    MC Beijinho agora está ecoando em todos os lugares – até no violão de Caetano. Porque tudo o que temos são canções de redenção.

  • O \”MEME\” NO POOL DE MEMES – origem do termo

    RESUMO/FICHAMENTO
    CAPÍTULO 11: \”MEMES, OS NOVOS REPLICADORES\”
    LIVRO: \”O GENE EGOÍSTA\” 1976
    ESCRITOR: RICHARD DAWKINGS (ETÓLOGO)
    * TEXTO INTEGRAL AQUI: http://migre.me/vOjJb (pág 121)

    OBSERVAÇÕES PRÉVIAS
    :
    FOI NESSE LIVRO/CAPÍTULO
    EM QUE O TERMO
    \”MEME\”
    FOI INSERIDO NO
    \”POOL DE MEMES\”
    DA HUMANIDADE
    ,
    QUANDO E ONDE
    \”MEME\”
    COMEÇOU A VIRAR
    MEME
    .
    (
    50 ANOS DEPOIS, 2016
    PODE-SE DIZER
    QUE VIROU
    MEME
    MESMO
    )

    TRECHOS SELECIONADOS
    E TRANSCRITOS POR DANSCAN
    EM 2016
    VIA
    PROSA
    POROSA
    (COMO É COMUM NOS CHATS)
    LÁ VAI
    :

    <
    CAP 11. MEMES, OS NOVOS REPLICADORES

    haverá motivo para supor que a nossa espécie seja única
    ?
    acredito que a resposta é sim

    a maior parte daquilo que o homem tem de pouco usual
    pode ser resumido em uma palavra
    :
    CULTURA

    a transmissão cultural é análoga
    à transmissão genética
    no sentido de que
    apesar de ser essencialmente conservadora
    pode dar origem a uma forma de evolução
    ,
    a linguagem parece evoluir por meios não genéticos
    a uma velocidade que é várias ordens de grandeza superior
    à velocidade da evolução genética

    a linguagem é um exemplo entre muitos
    :
    a moda no vestuário e na dieta
    as cerimônias e os costumes
    a arte e a arquitetura
    a engenharia e a tecnologia
    ,
    tudo isso evolui no tempo histórico de uma forma
    que se assemelha à evolução genética altamente acelerada
    mas que
    na realidade
    nada tem a ver com ela

    a seleção de parentesco e
    a seleção a favor do altruísmo recíproco
    podem ter atuado sobre os genes humanos
    para produzir muitos dos nossos atributos
    e tendências psicológicas básicos
    ,
    tais ideias são plausíveis até certo ponto
    no entanto elas não chegam a fazer frente
    ao enorme desafio de explicar a cultura e sua evolução
    bem como as acentuadas diferenças existentes entre
    as diversas culturas humanas ao redor do planeta

    para compreender o homem moderno
    devemos começar por abandonar a idéia do gene
    como a única base das nossas idéias a respeito da evolução
    ,
    sou um adepto entusiasmado do darwinismo
    mas penso que se trata de uma teoria demasiado ampla para ficar confinada
    ao contexto limitado do gene
    ,
    o gene entrará na minha teoria
    como uma analogia
    e nada mais
    ,
    afinal de contas o que os genes têm de tão especial
    ?
    a resposta é que eles são REPLICADORES

    mas existirá alguma coisa que tenha de ser válida
    em relação a qualquer forma de vida
    onde quer que ela se encontre e
    qualquer que seja a base da sua constituição química
    ?
    trata-se da lei segundo a qual toda a vida evolui
    pela sobrevivência diferencial de suas entidades replicadoras

    o gene
    (a molécula de DNA)
    é
    por acaso
    a entidade replicadora mais comum no nosso planeta
    pode ser que existam outras
    se existirem
    desde que algumas condições sejam satisfeitas
    elas tenderão
    quase inevitavelmente
    a tornar-se a base de um processo evolutivo

    será que temos de viajar até mundos distantes
    para encontrar outros tipos de replicador
    e em consequência
    outros tipos de evolução
    ?

    penso que um novo tipo de replicador
    surgiu recentemente neste mesmo planeta

    está bem diante de nós

    está ainda na infância
    flutuando ao sabor da corrente no seu caldo primordial
    porém já está alcançando uma mudança evolutiva
    a uma velocidade de deixar o velho gene
    ofegante
    muito para trás

    o novo caldo é o caldo da cultura humana

    precisamos de um nome para o novo replicador
    um nome que transmita a idéia
    de uma unidade de transmissão cultural
    ou uma unidade de imitação

    mimeme provém de uma raiz grega adequada
    mas eu procuro uma palavra mais curta
    que soe mais ou menos como \”gene\”

    espero que os meus amigos classistas me perdoem
    se abreviar mimeme para MEME

    se isso servir de consolo
    podemos pensar
    que a palavra \”meme\” guarda relação com \”memória\”
    ou com a palavra francesa même

    devemos pronunciar de forma a rimar com \”creme\”

    exemplos de memes são
    melodias
    idéias
    slogans
    as modas no vestuário
    as maneiras de fazer potes ou de cosnstruir arcos

    tal como os genes
    os memes se propagam em um pool
    no caso
    o pool de memes

    saltando de cérebro para cérebro através de um processo que
    num sentido amplo
    pode ser chamado de imitação

    se um cientista ouve ou lê sobre uma boa idéia
    transmite-a aos seus colegas e alunos
    ele a menciona nos seus artigos e nas suas palestras
    e
    se a ideia pegar
    pode-se dizer que ela propaga a si mesma
    espalhando-se de cérebro para cérebro

    sempre que surgirem condições
    para que um novo tipo de replicador
    possa produzir cópias de si mesmo
    o novo replicador tenderá a tomar as rédeas da situação
    e a iniciar um novo tipo de evolução
    ,
    uma vez começada essa nova evolução
    ela não terá em nenhum sentido
    de se submeter à antiga
    ,
    quando a evolução antiga
    por seleção de genes
    produziu os cérebros
    ela forneceu o \”caldo\” em que se originaram os primeiros memes
    ,
    no momento em que os memes auto-replicadores surgiram
    a sua própria evolução
    de um tipo muito mais veloz
    teve início

    nós
    biólogos
    assimilamos tão profundamente a ideia da evolução genética
    que tendemos a esquecer que ela é apenas um
    dos vários tipos de evolução possíveis
    .

    até agora
    falei dos memes como se fosse óbvio aquilo em que consiste um meme unitário
    mas isso está
    evidentemente
    longe de ser óbvio

    afirmei que uma melodia era um meme
    no entando
    quantos memes haverá numa sinfonia
    ?
    será que cada movimento é um meme
    ou cada frase reconhecível de uma melodia
    ?
    ou ainda
    será que cada compasso é um meme
    ?
    cada acorde
    ou o quê
    ?

    um \”meme-ideia\”
    pode ser definido como uma entidade
    capaz de ser transmitida de um cérebro a outro

    o meme da \”teoria de darwin\” é
    portanto
    a base essencial da ideia compartilhada por todos os cérebros
    que compreendem tal teoria

    no entanto
    se contribuirmos para o patrimônio cultural do mundo
    ou seja
    se tivermos uma boa idéia
    compusermos uma canção
    inventarmos uma vela de ignição
    escrevermos um poema
    pode ser que a nossa contribuição sobreviva
    intacta
    muito depois que os nossos genes tiverem se dissolvido no pool comum de genes

    pode ser que sócrates tenha um ou dois genes vivos no mundo de hoje
    mas
    que interesse isso tem
    ?

    em contrapartida
    os complexos memes de
    sócrates
    leonardo da vinci
    copérnico e marconi
    continuam em pleno vigor

    uma característica exclusiva do homem
    que poderá ou não ter evoluído memicamente
    é sua capacidade de previsão consciente
    ,
    os genes egoístas (e
    se forem permitidas as especulações deste capítulo
    também os memes egoístas)
    não têm essa capacidade
    ,
    eles são replicadores cegos e inconscientes

    é possível que ainda outra qualidade exclusiva do homem
    seja a capacidade para o altruísmo verdadeiro
    genuíno e desinteressado
    espero que sim
    mas não irei defender nem atacar tal hipótese,
    e tampouco especular sobre sua possível evolução mêmica

    o ponto que quero salientar é que
    a despeito de sermos pessimistas
    e de assumirmos o pressuposto de que o ser humano
    é fundamentalmente egoísta
    a nossa previsão consciente – a nossa capacidade de
    simular o futuro
    usando a imaginação –
    poderia nos salvar dos piores excessos egoístas dos replicadores cegos

    pelo menos
    dispomos do equipamento mental
    para promover nossos interesses egoístas de longo prazo
    a participar de uma espécie de \”conspiração de pombos\”
    e podemos nos reunir para discutir maneiras de fazer
    com que essa conspiração venha a funcionar

    temos o poder de desafiar os genes egoístas que herdamos e
    se necessário
    os memes egoístas com que fomos doutrinados

    podemos até discutir maneiras de estimular e ensinar
    deliberadamente
    o altruísmo puro e desinteressado
    – algo que não existe na natureza e que
    nunca existiu antes na história do mundo

    somos construídos como máquinas de genes
    e educados como máquinas de memes
    mas temos o poder de nos revoltar contra nossos criadores

    somos os únicos no planeta terra com o poder de nos rebelar contra
    a tirania dos replicadores egoístas
    >

    * TEXTO ORIGINAL NA ÍNTEGRA AQUI: http://migre.me/vOjJb (pág 121)

    OBSERVAÇÕES POSTERIORES:

    considero importante a divulgação dessa raizdapalavra
    pois me soa reveladora a noção dessa relação dos memes com os genes

    quero dizer
    o termo traz darwin e o anti-criacionismo para o campo da evolução cultural
    !

    após a leitura
    um meme nunca mais será
    apenas uma imagem cômica
    divulgada nas redes sociais
    o termo é de 1976
    mto antes da internet nascer
    !

    trazer a tona o significado da palavra
    já tão maciçamente utilizada por gente de todas as ideologias
    pode colocar em posição de desconforto os que utilizam o termo e são
    por exemplo
    homofóbicos
    ou são daqueles que acreditam que vão para o céu
    ou para o inferno

  • Resposta a Emir Sader (Verónica Gago)

    Resposta a Emir Sader (Verónica Gago)

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    A acusação de Emir Sader  aos que assinamos o manifesto impulsado contra a desposessão da comunidade Shuar a mãos de projetos de mineração megaextrativa e à perseguição dxs militantes de Ação Ecológica é útil: explicita muitas das razões que contribuem ao que ele diz querer evitar: a fraqueza -envolvida em soberbia; do que foi ou é chamado de \”governos progressistas\” e de muitos dos intelectuais que são considerados orgânicos a eles. Vejamos os pontos:

     

    1) O lugar em que localiza às lutas sociais pelo território e pela vida. Ele diz: \”Para além da justiça ou não da reclamação, para além da maior ou menor importância n oassunto\”. O menosprezo que implica esse \”para além da justiça\” e o lugar no qual intelectuais como Sader acreditam ocupar para marcar esse para além, que não é nem mais nem menos que o lugar do calendário eleitoral localizado comoinstância superior, reitera mais uma vez como os conflitos e as lutas concretas só aparecem nomeadas ou convocadas ad referendum da legitimidade de um governo. E quando não contribuem a tal propósito, além de pôr em dúvida sua \”justiça\” ou de relativizar o peso dessa \”justiça\” em relação a uma cena supostamente \”maior\”, são reduzidas a um mero \”assunto\”. De novo: o desprezo às lutas concretas não é mais que uma pirueta para não discutir a articulação dos governos com a trama de negócios com as multinacionais e o modo em que isso se traduz em violências concretas para comunidades concretas. Não se pede um purismo aos governos chamados progressistas, mas um balanço político sobre os efeitos concretos que se escondem uma e outra vez em nome da \”soberania nacional\”.

     

    2) O tempo no qual se localiza as lutas sociais pelo território e pela vida. Diz Sader que nas iminentes eleições presidenciais no Equador do que \”se trata é do futuro do país\”. Temos que entender que as lutas que pedem acompanhar e fazer um pronunciamento público completam contra o futuro? Culpar aos movimentos e organizações que não se quadram é complicado: justifica a sua criminalização em nome de uma soberania abstrata e um futuro, justifica no presente a avançada neoextrativa depredadora. Mas ainda de modo mais irônico, Sader diz que a eventual vitória do candidato opositor ao oficialismo representará \”a devastação da Amazônia e dos povos que a habitam\”. É chamativo como esse \”assunto\” lhe interessa apenas no futuro e como argumento a favor do voto do candidato que apoia Correa (é engraçado incluso que chame atenção sobrea ameaça que vem com a palavra \”desmonte\” de todo o conquistado).

     

    3 )A acusação da construção de alianças e redes de apoio. Sader falar para os intelectuais (em masculino, por sinal). Com isso, primeiramente desprecia às organizações e lutas que são impulsoras do manifesto. Logo, explica que xs assinantes ou estamos enganadxs ou temos má fé ou somos hipócritas porque a equação é simples: apoiar as luras nos territórios é fazer o jogo da direita e enfraquecer ao governo (a escala regional). Na América Latina, esse binarismo conseguiu congelar durante muitos anos as possibilidades de discussão, impossibilitou a muitas litas ter um lugar sem ficar subsumidas na questão de se eram favoráveis ou não aos governos. A ofensiva conservadora e neoliberal da região que estamos presenciando se deve em parte ao modo em que esses espaços de debate internos, de escuta aos movimentos, de crítica não canalha foram desconhecidos, despreciados e, muitas vezes, perseguidos. Ao modo em que se disciplinou desde cima toda crítica às articulações problemáticas entre neodesenvolvimentismo, neoliberalismo e neo-extractivismo. Que agora se insista de novo em culpar à crítica das derrotas eleitorais é, nem mais nem menos, o que permite uma vez mais ficar a salvo e deixar intocado um modo de pensamento político que tem mostrado já seus limites.

    4) A \”ultra-esquerda\” como causa da derrota progressista. Esse argumento, que acusa de complot e de instrumentalismo às alianças entre movimentos e intelectuais críticos, com o só propósito de uma posição \”aventureira\” que procura conseguir um lugar no campo político, não apenas é mesquinha (se atribui a famosa hegemonia do espaço político), mas que por cima de tudo põe à crítica como \”causadora\” de uma ampla rejeição -que ainda não se termina de discutir a fundo- da legitimidade dos governos progressistas, evitando assim problematizar em sério as causas das sucessivas \”derrotas\”. Isso implica não só a infantilização do eleitorado de distintas classes sociais, mas também o desconhecimento de como operam forças bastante mais complexas: as igrejas contra a chamada \”ideologia de género\”, as finanças como formas de exploração das economias populares, as concessões às multinacionais como expropriações diretas às comunidades, etc.

    5) O que Sader chama de \”a disputa maior do continente\” é claramente o modo retórico de defensa abstrata de alguns governos. Que para fazê-lo tenha que despreciar as lutas concretas e se atribuir o \”ser de esquerda\”(nesse caso como sinônimo de defender a situação do Equador) revela um dos maiores problemas do progressismo: o desprezo das forças sociais que não se enquadram e que questionam os cimentos neoliberais que o progressismo no poder não se animou a confrontar. O testo de Sader revela um modo de argumentar mais amplo que é incapaz de dar lugar a uma verdadeira discussão sobre os efeitos perversos e violentos das formas de articulação entre capital e Estado no ciclo dos governos chamados progressistas. Esse fechamento revela bastante de suas recentes derrotas.

     

     

    Texto original de Verónica Gago http://anarquiacoronada.blogspot.com.br/2016/12/respueta-emir-sader-veronica-gago.html

    Artigo do Sader https://www.pagina12.com.ar/11094-a-los-intelectuales-latinoamericanos

     

    Outros textos relacionados com a polêmica:

    http://montecristivive.com/emir-sader-o-la-mendicidad-intelectual/

    Manifesto em defesa da comunidade Shuar: http://anarquiacoronada.blogspot.com.br/2016/12/el-gobierno-ecuatoriano-y-la-doble.html

    http://anarquiacochabamba.blogspot.com.br/2016/12/a-proposito-de-un-articulo-de-emir.html?m=1

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    É curioso como neste novo momento de crise, entramos em contato com as memórias de outros períodos críticos da história. Diante de algumas situações nos últimos meses, tenho uma estranha sensação de que estamos passando por um novo giro na história, e como numa espiral algumas coisas parecem uma repetição. Porém, já estamos noutro lugar, tudo é diferente.

    Nessas rememorações tenho pensado muito do final dos anos 90. Governos neoliberais e suas políticas avançavam em toda parte, mas encontravam alguma resistência social. Quem se lembra das lutas contra a ALCA? Dos primeiros Forum Sociais Mundiais (antes de se tornarem uma grande feira)? Dos diversos movimentos sociais que se multiplicavam Brasil afora…Onde foi parar toda aquela energia?

    Naquele momento, a memória da derrocada da experiência soviética ainda era um tema na pauta, fala-se muito de crise sistêmica do capitalismo e proliferavam em toda parte iniciativas de economia social, autogestão econômica, cooperativismo, entre outras. Havia todo um debate sobre alternativas práticas ao capitalismo que curiosamente parece que perderam a força diante de governos que em toda America Latina executaram uma agenda paradoxalmente \”progressista\” (péssimo termo). Porém, ainda que silenciosamente, tudo aquilo segue sendo feito.

    Dentre esses reencontros que tive nos ultimos meses, um deles é com as discussões sobre autogestão, economia social/solidária, moedas alternativas. Tema com o qual estive muito envolvido e que por diversas razões fui me distanciando. Acho curioso ver como ele retorna agora. Seria apenas mais um sintoma da crise? E para mim, é aqui que este reencontro dá uma reviravolta interessante pois se recombina com outros temas com os quais estou envolvido hoje em dia. Mas o vocabulário agora é outro. Falamos em soberania tecnológica, produção do comum, tecnopolíticas, ecologia de práticas e saberes…

    Só para citar um exemplo. Recentemente, comecei a acompanhar a criação de um nó-regional da FairCoop (https://fair.coop). A discussão que eles fazem sobre moedas alternativas é bem interessante. Utilizam uma criptomoeda inspirada no bitcoin porém modificada por protocolos sociais que inserem a colaboração como variável na geração de valor. Há toda uma discussão ali sobre autonomia, autogestão, desenvolvimento local/comunitário, sustentabilidade, internacionalismo.

    Em seguida, vou atrás de alguns sites antigos e redes sociais abandonadas. Numa deriva no ciberespaço, como nos tempos em que a livre navegação era possível (quem se lembra que utilizavamos o termo \”navegar\” e éramos internautas, antes de virarmos usuários), encontro alguns grupos interessantes, como o bom e velho Znet (https://zcomm.org). Que emoção! Site simples, wordpress com cara de puro html.

    Fiquei me perguntando, será que os outros grupos ainda estão por aí? Os meios  de comunicação entre os movimentos que pegaram o início da internet transformaram-se drasticamente nesses ultimos 10 anos (o Youtube é de 2006!). Tivemos um processo paradoxal. De um lado a mulitiplicação dos canais (email, redes sociais, sms, whatsapp, telegram, e em cada um deles grupos e subgrupos) dando a impressão que construíamos um rizoma, com arquitetura distribuída. Mas não, era pura dispersão. De outro, novas camadas de hierarquização e centralização que modulam algoritmicamente toda nossa interação, submetida a critérios mercantis e à vigilância estatal e corporativa. É o capitalismo de vigilância (Shoshana Zuboff); a sociedade de controle (Deleuze)….enfim, formas renovadas de sujeição social e servidão maquínica.

    Ao invés de nos organizarmos de maneira distribuída, somos organizados em nossa aparente dispersão pela capacidade de centralização desses serviços. É incrível como o Facebook destrui nosso ecossistema digital. Pra ser sintético: o Facebook e todos os condomínios digitais correlatos, destruiram a internet como uma possível cidade cosmopolita. Essas corporações são hoje parte do nosso problema.

    Por fim, neste pequeno passeio fui me dando conta de tantas coisas, de tantos mundos que foram ficando para trás. Tal sensação é reforçada por todos os acontecimentos políticos de 2016 (golpe parlamentar etc), que de maneira muito direta chamaram nossa atenção para transformações profundas que estão ocorrendo em nossas sociedades muito abaixo do nosso radar. A barbárie é só o cotidiano mesmo. Mas é ai tambem que surgem as criações e as longas ondas com grande capacidade de propagação. Nos ultimos tempos, apenas ficou mais visível uma nova e assustadora topografia que estava sendo lentamente construída.

    Isso me faz pensar na cozinha, no trabalho de manutenção e sustentação da vida. Talvez, a tecnologia mais necessária neste momento seja mesmo as tecnologias organizacionais e toda a lentidão necessária para fazer comunidade, para produzir o comum em comum. Mas não o antigo comunitarismo, nem os comunismos e socialismos. Serão outras criações capazes de aprender com todas essas formas, e também com o capitalismo.

    Fico com uma sensação de \”back to basic\”. Não confundir com \”um retorno às bases\”. É outra coisa, é cuidar do básico mesmo, a começar pela capacidade do encontro com o outro. Quais são as infraestruturas que precisamos para dar suporte às formas de vida que desejamos?

    fonte do artigo: http://prototype.pimentalab.net/?p=187

  • O municipalismo será internacionalista ou não será

    \"Resultado
    
    
    

    Texto de Kate Shea Baird, Enric Bárcena, Xavi Ferrer e Laura Roth (membros de Barcelona En Comú)

    Os Movimentos municipalistas do Estado espanhol não podemos ignorar a crise do neoliberalismo global. É nossa vez de dar a cara para defender nossa aposta pela mudança “bottom up” (de baixo pra cima), feminista e radicalmente democrática. O \”assalto municipalista\” que temos vivenciado nos últimos dois anos em muitas cidades do Estado Espanhol dá vertigem. Assembleias de bairro. Programas eleitorais. Códigos éticos. Negociações confluentes. Crowdfunding. Campanhas eleitorais. Pactos de governos. Despachos. Rua. Gestão. Sucessos. Contradições. Erros. Aprendizados. Seria fácil nos perder nas vitórias e derrotas do dia a dia se não fosse pelo turbulento contexto global no qual nos encontramos. A Revolução dos Paraguas. Oxi. Refugiadas. Nuit Debout. Brexit. Dilma Rousseff. O acordo de Paz na Colômbia. Trump. Referendo na Itália. Le Pen. Por muito que as tarefas cotidianas dos nossos bairros nos demandem com urgência, é responsabilidade do movimento municipalista refletir sobre nosso papel para além das nossas cidades e das fronteiras do Estado.

    Faz pouco mais de um ano desde Barcelona Em Comú começamos a dar voltas com essa questão. Primeiro de forma reativa, provocada pelo enorme interesse que gerou nossa vitória eleitoral nos âmbitos mais diversos da esquerda europeia e internacional. Desde os centros autogestionados de Nápoles e Roma até os think tanks de Londres e Berlim, percebemos rapidamente que a nossa experiência tinha se convertido num referente de transformação política. A figura de Ada Colau com a sua trajetória de ativismo, o processo profundamente coletivo que representa Barcelona En Comú e a projeção internacional que tem Barcelona como cidade tem ajudado para captar a atenção de muitas pessoas que buscam novas respostas à crise econômica e política. Somado a isso, muitas das lutas nas quais o Ayuntamiento (Prefeitura) está colaborando com a cidadania organizada de Barcelona estão acontecendo também em outras cidades, como por exemplo frear a massificação turística, garantir o direito à moradia e remunicipalizar os serviços básicos. Pensando no papel que atualmente joga o movimento municipalista surgido em 2014, por isso, para muitos o movimento municipalista é a possibilidade de uma alternativa real.

    Embora nos tenham interpelado de muitos lugares, o que tem nos dado mais energia para continuar construindo são as trocas que tivemos com outros movimentos municipalistas, estejam ou não no governo. Além de compartilhar nossos objetivos, esses movimentos compartilham nossas formas de fazer. Colocam os objetivos na frente das siglas partidárias, se baseiam no fazer e não em debates teóricos estéreis, se comunicam com uma linguagem mais próxima e emotiva; são feministas e procuram feminizar a política, colocando as práticas cotidianas e os cuidados no centro; e constroem desde baixo, a partir da inteligência coletiva. A final, nos movimentos municipalistas temos achado pessoas radicais mas ao mesmo tempo pragmáticas, com as quais nos sentimos capazes de imaginar e construir o futuro.

    Nesse sentido, a partir de Barcelona, estamos fazendo um mapeamento contínuo de experiências municipalistas afins ao redor do mundo e tratando de pensar conjuntamente com elas como nos articulamos e nos apoiamos mutuamente. Graças a esse processo temos desenvolvido uma hipótese que busca inserir a dimensão internacional no centro dos debates municipais e o municipalismo no centro dos debates globais. E temos chegado à conclusão que a via a seguir é a de trabalhar o municipalismo em rede a nível global.

     

    Por que uma rede municipalista global?

    É importante dizer que falamos de \”rede\” como uma forma de trabalhar e não como uma estrutura formal; e explicitar que não nos referimos a uma rede institucional, mas a um espaço de afinidade política, formada por movimentos e organizações que possam estar no governo, na oposição ou também fora das instituições. É evidente que nossas prefeituras devem continuar trabalhando com seus homólogos de outras cidades na base de objetivos comuns. O acordo de colaboração entre Barcelona e Paris em torno ao turismo, a gestão pública da água ou da memória histórica é um bom exemplo, assim como a rede de cidades refúgio ou a dos governos locais que estejam contra o TTIP. Mas a verdade é que atualmente existem poucas prefeituras fora do Estado espanhol que estejam governadas por forças afins à nossa metodologia e nossos objetivos. Esse é o principal motivo pelo qual nos urge um espaço político. Em aliança com outras organizações poderemos fazer frente com mais força e a partir de mais espaços à falta de democracia imposta pelos estados e os mercados.

    Se existia alguma dúvida a respeito, o primeiro ano e meio de governo das chamadas \”cidades da mudança\” tem mostrado que a capacidade de intervenção local está fortemente marcada por poderes e tendências globais. Vemos como os aluguéis de nossa cidade sobem de forma exorbitante como consequência direta de empresas como Airbnb que promovem especulação com a moradia, ignorando às normativas locais. Nos preparamos para acolher pessoas refugiadas que nunca chegam. Tentamos promover a economia social e solidária em meio ao capitalismo global na sua fase mais voraz. Dado que enfrentamos à adversários que cruzam fronteiras, nossa resposta também tem que ser transnacional. Temos que ser conscientes de que nossa margem de manobra para frear os abusos de multinacionais gigantes como Airbnb em Barcelona dependerá do sucesso das lutas pelo direito à moradia em San Francisco, Amsterdam, Nova Iorque e Berlim.

    Por outro lado, o colapso dos partidos socialdemocratas e a incapacidade dos partidos da esquerda tradicional em se repensar estão deixando um grande vazio no espaço político europeu. Se os movimentos \”bottom up\”, feministas e radicalmente democráticos não damos um passo para frente para ocupar e articular esse espaço, serão outros que o farão. O tentará fazer a esquerda intelectual machocêntrica de sempre, se apropriando do capital simbólico dos processos de construção desde baixo e sem adotar as práticas que nos definem. A outra opção, que é mais provável e ainda pior, é que quem capitalize essa oportunidade seja a extremadireita autoritária, utilizando suas ideias excludentes e etnicistas de soberania e de povo. No entanto, cabe dizer, com o risco de provocar, que o slogan \”Take Back Control\” (recuperemos o controle) da campanha pro-Brexit, ou o \”Forgotten Man\” (o homem esquecido) ao que apela Trump, não são conceitos tão afastados do \”Democracia Real\” do 15M ou o \”99%\” de Occupy: todos remetem ao mesmo desejo de ruptura com um establishment político e um sistema económico injusto com a maioria. O fato é que expressar essas demandas no mesmo marco do estado-nação permite que se vinculem elementos racistas ou xenófobos com mais facilidade. No entanto, localizar as soberanias a nível local dificulta essa associação e abre outras possibilidades: as cidades são lugares mestiços, de encontro e de troca cultural; e se os sistemas políticos e econômicos alternativos se constroem desde o local, desde as identidades de vizinhança e não étnicas, no olho no olho, poderemos gerar um espaço desconfiança que não vincule os nossos direitos às nossas origens.

     

    Pistas de ação global para o movimento municipalista

    Uma vez que nos propusemos esse desafio, quais são os passos a ser seguidos? Temos identificado quatro linhas de ação.

    A primeira se baseia em reforçar a narrativa do municipalismo internacionalista a través da comunicação e da formação. Para internacionalizar nosso movimento temos que nos comunicar com o mundo, explicando nossos valores e práticas, e as políticas que se estão conseguindo levar à frente desde o Ayuntamiento de Barcelona. Isso implica produzir materiais em outras línguas dirigidos ao público internacional, como podem ser os nossos posts dominicais no Facebook – #InternationalSundays -, nossa conta internacional de Twitter – @BComuGLobal – ou nossa guia municipalista. Mas também temos que introduzir a dimensão internacional dentro de nossas organizações abrindo espaços de formação e reflexão para que as Assembleias de bairro, comissões e eixos temáticos participam dos debates globais.

    A segunda linha de ação consiste em trabalhar propriamente em fortalecer a rede. Quantas mais sejamos e quantas mais capacidades tenha cada nodo da rede, mais potentes vamos ser. Assim é que devemos continuar identificando experiências afins, nos conhecendo entre a gente e construindo relações de confiança, com o objetivo de crescer e aprofundar nosso trabalho comum. Os que estamos nas plataformas do Estado espanhol, pela experiência deconstrução organizativa e de representação institucional, podemos ser especialmente úteis nesse processo: as lições aprendidas, tanto nos acertos quanto nos erros, podem servir muito para quem agora está se propondo empreender o mesmo caminho.

    A terceira linha é o trabalho temático. Sendo movimentos municipalistas, os temas que tem a ver com democracia local e com o entorno urbano são prioritárias para todos. Em âmbitos como o direito à moradia, o uso do espaço público ou a gestão dos bens comuns, temos a oportunidade para aprender umas das outras, refletir juntas, e desenvolver estratégias compartilhadas que nos fortaleçam.

    A última, talvez a função mais importante de uma rede política, é a de proporcionar um espaço de apoio político, um \”colchão protetor\” tanto para celebrar nossos sucessos, como para nos arroupar mutuamente nos momentos difíceis. Neste sentido, desde Barcelona Em Comú já temos nos implicado em dar apoio à luta contra a especulação urbanística em Belgrado, aos prefeitos e prefeitas curdos detidos pela Turquia e na campanha pelo Não no referendum constitucional italiano; nos três casos respondendo a solicitação de nossos referentes municipalistas do lugar.

    É verdade que temos muitas frentes abertas e que sem olhar no âmbito internacional implica uma inversão importante de energia e tempo. Mas tem um colete salva-vidas: \”o internacional\” motiva, gera espaços de solidariedade e abre o horizonte de transformação. Até hoje, a Comissão Internacional de Barcelona En Comú conta com mais de 70 ativistas inscritas, entre eles muitas que tem se somado nos últimos meses. Não cabe nenhuma dúvida de que nossas bases são internacionalistas convencidas; sabem que não podemos fugir sem mais da responsabilidade que assumimos ao nos presentar nas eleições. E somos, para o bem ou para o mal, foco de atenção internacional. Frente a muitos interesses desejantes de que nosso exemplo não frutifique, tem muita mais gente que, não só deseja, mas precisa que constatemos que uma alternativa democrática é possível. Nosso exemplo pode e tem que servir para motivar e animar a mais movimentos municipalistas a dar o salto e construir desde o local uma imparável revolução global.

     

     

    Publicado originalmente em: http://blogs.publico.es/dominiopublico/18820/el-municipalismo-sera-internacionalista-o-no-sera/

     

  • Organizando pra desorganizar pela Ação Direta

    Um relato e análise do ato contra a PEC de 29/11/2016

    por Nigganark

    “Posso sair daqui para me organizar;
    Posso sair daqui para desorganizar”
    Chico Science, Da Lama ao Caos

    Quem não se organiza será organizado por outros. Se um grupo não se organizar e lutar para gerir sua vida, comunidade, sociedade, será organizado por outros setores que definirão os seus rumos, horizontes e perspectivas. É mais ou menos isso que o anarquista e revolucionário Errico Malatesta disse em um famoso texto chamado “A Organização das Massas Operárias Contra o Governo e os Patrões”, de 1897. Como atualmente estamos em tempos de retrocessos políticos, intuo que esta afirmação é mais atual do que nunca: não temos decisões efetivas sobre a forma e conteúdo de nosso trabalho; nossa alimentação é toda pré-definida por interesses do agronegócio; nossa educação é determinada por interesses capitalistas e coloniais, com uma pedagogia autoritária; nossa saúde é destroçada por um ritmo de sociedade que não escolhemos e nosso tratamento é hierarquicamente decidido por uma medicina que, quando nos atende, nos enche de químicos que não compreendemos bem; mesmo nossos desejos, gostos, sexualidades são definidos por interesses de cima – e a quem disso divergir está destinada uma bela repressão.

    Esta organização da sociedade nos prejudica coletivamente; trás privilégios, riquezas e pleno gozo a uma parcela mínima dos bilhões de humanos habitantes do globo. Menos de um por cento. Há muito tempo as coisas estão organizadas assim. Mas há muito tempo também há luta e mecanismos de resistência. A Ação Direta, por exemplo, é um princípio revolucionário – herdeiro principalmente do movimento operário anarquista – que foi constituído como forma direta e imediata de simultaneamente resistir e atacar esta organização social; de fazer da destruição um ato criador.

    Falo da Ação Direta porque no ciclo de mobilizações contra a recentemente aprovada Proposta de Emenda Constitucional do teto de gastos (PEC 241/55) ela foi utilizada como principal metodologia de luta: seja nas ocupações de escolas/universidades, nos atos de rua, nos ensejos de organização democrática e participativa. Falo também porque a Ação Direta nos trouxe algumas lições durante o ato contra a votação final da PEC da morte (outro nome carinhoso para esta medida ridícula) , ocorrido em Brasília no dia 13/12/2016. Gostaria de pedir, sabendo das dificuldades de ler longos textos presentes em nosso tempo, que você me acompanhe neste logo texto. Talvez ele contribua para a nossa reflexão.

    Vamo que vamo.

    * Entreatos: da baderna do 29/11 à preparação do 13/12

    As manifestações do dia 29/11 referentes à votação do primeiro turno da PEC 55 no senado tiveram enorme repercussão. Tanto as cenas da repressão policial como, principalmente, a das táticas de resistência empregadas por determinados grupos presentes no ato abriram um amplo leque de análises. Por um lado, o conjunto das avaliações da esquerda foram consensualmente críticas e de alerta à violência estatal generalizada contra manifestantes. Por outro lado, as análises sobre a composição e forma da manifestação foram mais diversas e críticas em relação aos métodos empregados pelos agentes em luta. Defensores e críticos do método da ação direta tiveram um duradouro embate sobre qual o significado do ocorrido, protagonizando uma real \”disputa de narrativas\”. O debate girou em falso sobre a mítica figura dos \”infiltrados\” – se eles existiram ou não, foram protagonistas ou mesmo desencadearam todo o clima de repressão. As diferentes posições sobre infiltração derivavam das diferentes concepções sobre ação direta.

    A mídia hegemônica, como tradicional, criminalizou as manifestações. Houve uma ação de \”reparo\” às pichações contra a PEC que estavam no Museu Nacional de Brasília, capitaneada por grupos conservadores da cidade. As repercussões institucionais também foram relevantes. Tanto no plano federal como no governo local diversas reuniões e procedimentos ocorreram para dar resposta do estado ao ocorrido no dia 29/11. Obviamente, nenhuma movimentação foi no sentido de apurar abusos, violações de direitos humanos ou truculências. O problema que esquentava na mesa dos gestores estatais era de que aquela mobilização, mais do que demonstrar a força policial, abriu dúvidas sobre a capacidade do estado manter a ordem em manifestações radicalizadas. Havia muito medo sobre o que poderia ocorrer na iminente manifestação contra a PEC 55 que ocorreria na data do segundo turno da votação da proposta. Era necessário, assim, uma resposta incisiva e definitiva da capacidade de controle.

    Por outro lado, para o conjunto dos participantes da manifestação, igualmente, as lições de uma polícia simultaneamente violenta e organizada; que age de forma incisiva e quase letal; que demonstra algum planejamento bem como determinação em desestruturar totalmente as táticas de manifestação também foram sentidas. Muitas avaliações projetaram sobre como teria sido o ato de 29/11 caso muitas pessoas estivessem de fato preparadas para o embate – não apenas nas intenções, mas nas ferramentas e organização. Cogitava-se inclusive que com uma tática melhor preparada poder-se-ia ter mudado os rumos da maldita aprovação da PEC 55. A vexatória e esdrúxula performance do senador petista Jorge Viana – quando houve possibilidade de assumir a presidência do Senado e barrar a votação da PEC 55 – foi como um ultimato da chance de, por meio das instituições, conquistar alguma mudança nesta conjuntura sombria de aprofundamento neoliberal. Após um ministro do Supremo Tribunal Federal determinar afastamento do presidente do senado Renan Calheiros, o senador petista poderia assumir a presidência da casa e postergar a data da votação para o próximo ano, dando um fôlego aos movimentos sociais em luta. Preferiu, ao contrário, se acovardar ao enfrentamento e inclusive atuar para que o STF revertesse a decisão anteriormente tomada. Ou seja, deu de ombros à luta e abraçou a ordem estabelecida. A sensação a quem lutava era: ou éramos nós por nós ou nada.
    * Preparação, indefinição e tensão
    Se no dia 29/11 os chamados foram difusos, simultâneos e realizados por diferentes coletivos, para o dia 13/12 os chamados foram muito mais esparsos. Até alguns dias antes do segundo turno da votação da PEC pouco se sabia sobre a realização ou não de um ato. Comentava-se que as entidades haviam gasto muito dinheiro na manifestação anterior, sem capacidade de reposição com a mesma monta; que outras entidades não queriam apoiar as mobilizações por receio de que ela saísse do controle novamente. Simultaneamente havia notícias da constituição de atos locais simultâneos em diferentes cidades esvaziando um possível ato central na Esplanada dos ministérios.

    Esta indecisão sobre a mobilização colocava à vista os próprios conflitos internos dos setores da luta. Por exemplo: ao contrário do que se supõe acerca de uma avassaladora hegemonia burocrática nas lutas sindicais, há um crescente setor independente, autônomo, classista que realiza lutas sindicais e disputas internas. Este setor tem conquistado espaço junto a algumas direções de sindicatos e, principalmente, constituiu – por meio das greves e piquetes – um foco de ação classista em oposição à política de austeridade. Sua intervenção nos Comandos de Greve – especialmente do campo da educação – forjou o contraponto sindical à criminalização (realizada pelas centrais sindicais) da ação direta de 29/11 e o impulso para a realização de uma nova mobilização em Brasília no dia 13/12.

    Assim, o bloco inicial que constituiu a mobilização para os segundo turno da PEC 55 foi este setor que denominarei aqui como o Setor de Ação Direta: sindicalismo classista e movimento das ocupas estudantis. Em quantidade bem menor que no ato anterior, porém ainda significativa, ônibus de diferentes cidades vieram para Brasília para realizar a mobilização. Os financiamentos foram mais diversos, em algumas localidades manteve-se a articulação com direções sindicais tradicionais locais e, em outras, formas alternativas foram utilizadas para viabilizar o recurso: houve caravanas financiadas por rifas, pedágios e festas(!). A Frente Povo Sem Medo adotou a tática de realizar manifestações locais, mobilizando suas bases locais para a manifestação em Brasília. O Sindicalismo Tradicional oscilou entre mobilizar as categorias e participar de algumas articulações anteriores, mas sem destinar força real à mobilização.

    Ao contrário da mobilização passada, ocorreram algumas reuniões de articulação do ato envolvendo participantes dos três setores principais da mobilização (Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular, Setor de Ação Direta). Além disso, plenárias internas anteriores foram realizadas pelos distintos grupos, planejando formas de ação na Esplanada durante o ato. Alguns militantes estudantis de outras cidades haviam ficado em Brasília no período entre as duas manifestações na intenção de articular melhor um segundo ato, fazendo a conexão estudantil nacional e também a articulação com outros setores. Junto às caravanas que chegaram antes do ato, foi realizada, na véspera, uma plenária de preparação para o ato. Lá foi apresentado um conjunto de planejamentos para que a mobilização constituísse uma linha política comum, diferente do 29/11. A programação era de que a concentração se desenvolvesse-se no decorrer da tarde, com indicações de uma crescente na esplanada até o começo da noite – quando o ato finalmente ocorreria em paralelo à votação da PEC. Avaliava-se que a antecipação do horário da votação pretendida pelo presidente do Senado era uma manobra que não daria certo e que a votação finalmente ocorreria no início da noite, como no ato passado. Assim sendo foi sugerido que as mobilizações mais radicalizadas fossem organizadas para o ápice da mobilização, numa tentativa de coordenar a ação direta e a ação sindical em horários distintos. A longa duração da sessão do senado permitiria que o conflito entre os diferentes setores fosse contornado.

    Como agora já sabemos, esta proposta partia de uma avaliação equivocada sobre a manobra do presidente do senado. Mas já na assembleia estudantil o plano não chegou a ser aprovado e, ao contrário, desencadeou um conjunto de cisões e debates acalorados entre os grupos/delegações presentes. Apesar dos esforços anteriores, a capacidade de articulação e confiança mútua entre os distintos setores do movimento estudantil ainda estava um tanto fragilizada. Diferentes avaliações sobre como lidar com a polícia, qual a política de articulação com outros setores ou mesmo se seria possível ou não barrar a aprovação da PEC 55 não produziram ambiente para uma melhor articulação geral estudantil. Talvez a única unidade fosse na impressão geral de que haveria confronto na manifestação e que deveria haver resistência. Foi deliberado, finalmente, que um bloco estudantil caminharia, fechando as ruas da cidade, da UnB até a esplanada (pouco mais de quatro quilômetros) e se somaria aos outros blocos para realização da manifestação.

    Na manhã do dia 13, porém, a institucionalidade mostrou todo seu vigor: a manobra do Senado deu certo e a votação encerrou-se pouco depois das 13h; a operação policial amplamente divulgada pela mídia no dia anterior realizou revistas em todos os ônibus que vinham de outras cidades, apreendendo vinagres, pessoas e tudo o que pudesse ser considerado objeto de vandalismo. Um cerco enorme foi montado na esplanada para dar a clara impressão de que a ação estatal seria efetiva neste caso: um total de três mil e quinhentos policiais e demais agentes de segurança pública foram mobilizados e a esplanada foi fechada na meia noite da manhã anterior; toda cidade foi alarmada.

    * Um ato que explodiu e dissolveu pela cidade

    Nota: Como o ato teve um desenvolvimento pelo tecido da cidade, esbocei para fins do relato este mapa demarcando os locais por onde a manifestação passou ou alguns pontos de referência para quem quiser se localizar espacialmente no relato. É um mapa desproporcional, mas que ajuda a se referenciar. Durante a descrição do ocorrido, sugiro que retorne a este mapa para que assim compreenda as trajetórias dos diferentes grupos.

    A PEC da morte foi aprovada aproximadamente às 13h – uma hora antes do chamado para concentração do ato. Assim, a mobilização marcada para a tarde mudou radicalmente seu caráter. Qualquer planejamento sobre interferir ou participar do momento histórico da votação da PEC 55 foi aniquilado pelos fatos. A sensação nos primeiros momentos pós-votação era confusa: as dúvidas sobre os motivos de realizar um ato no exato momento da aprovação; a sensação de ser vítima de uma manobra dos poderosos; a constatação de que o retrocesso já estava aprovado. Muitos chegaram a cogitar, pelas redes sociais, se haveria ou não manifestação uma vez que a PEC já havia sido aprovada. Era como se estivéssemos vivendo um imenso delay histórico.

    Às 14h, na esplanada, o ambiente era ansioso, esparso e com um vazio a ser preenchido. A presença policial era ostensiva e tomava conta de todo ambiente. As notícias da manhã eram de que todos os ônibus continuavam sendo parados e revistados violentamente na entrada da cidade, com algumas pessoas detidas e objetos apreendidos. Não se sabia quantas pessoas estariam presentes no ato nem de onde surgiriam. O Bloco Estudantil saiu do Campus da UnB em caminhada para a esplanada, fechando a via L2 Norte. Outros ônibus de outras cidades haviam chegado mais cedo e estavam meio perdidos, meio ilhados, espalhados em diferentes pontos da esplanada. Havia, no Museu da Nacional de Brasília, uma concentração dos setores sindicais, principalmente do movimento da área de educação. Caravanas do MST e MTST chegaram em bom número aproximadamente às 15h30.

    Tratava-se de um ato muito diferente do anterior: os blocos eram mais organizados, a predominância dos setores de ação direta (tanto no movimento sindical quanto estudantil) era mais evidente e, em função da truculência policial, os carros de som não foram liberados para realizar o trajeto previsto. Os setores do movimento popular presentes participaram ativamente da mobilização, porém sem o protagonismo que exerceram em outras cidades – talvez pela ausência do carro de som ou talvez a própria opção de alguns destes movimentos em realizar uma participação de suporte e apoio. Sem os alto-falantes e discursos amplificados, um grande silêncio tomava conta do momento da concentração. Nele estavam presentes muitas coisas: as dúvidas sobre como realizar o ato em meio a tanta vigilância; a reorganização do trajeto, como fazer uma mobilização contundente em um cenário de repressão, aprovação da PEC e menor número de manifestantes que o ato anterior. Centralmente, havia um bloqueio policial enorme logo após a catedral. Este bloqueio não deixaria ninguém passar sem ser revistado e ter objetos ou mesmo o corpo apreendidos. Ficamos parados por horas e a pergunta no ar era \”o que diabos é possível fazer?\”

    Esta pergunta esbarrava no fato de que, nesta manifestação, não era possível algum burocrata dizer que \’havia uma minoria de vândalos/as infiltrados querendo desvirtuar o sentido original traçado pela manifestação\’ (SIC). Tratava-se de um ato composto principalmente pelos setores de ação direta, organizada para agir e resistir à violência capitalista/institucional. Às 17h, quando aproximadamente começou a movimentação do ato, suponho que havia algo próximo a cinco mil pessoas presentes. A polícia fazia questão de revistar a todas e todos, em fila. Para além da possibilidade de ser incriminado/a por motivos torpes, a revista consistiria de fato em uma humilhação estatal, um ato de suplício que determinaria quem teria o controle sobre a mobilização. Três opções circulavam entre os blocos: aceitar o baculejo policial, cedendo e realizando um ato simbólico na esplanada; forçar a passagem do bloco sem a realização da revista generalizada, a partir de pressão e negociação com o comando da mobilização; modificar o trajeto do ato, indo para outro rumo que não a esplanada.

    A disposição espacial da mobilização era, neste momento: (Museu Nacional)-> Frente Brasil Popular -> Frente Povo Sem Medo -> Bloco Estudantil <- Bloqueio Policial – (Catedral). O bloco estudantil estava à frente, visualmente estruturado para a ação direta: o corpo todo coberto; máscaras de proteção do sistema respiratório e da identidade; organizado em grupos de afinidade que se cuidariam nos momentos de tensão; com dinâmica de bandeiras em diferentes cores pra indicar quando prosseguir, parar, recuar, reagrupar; materiais para ressignificações urbanas; escudos, vinagre, leite de magnésia, comissão de primeiros socorros; organização interna para decidir como responder às investidas externas. Um jogral foi puxado por uma estudante. Ela informou sobre a decisão da PM da manifestação só prosseguir caso houvesse revista de todo mundo e da deliberação do movimento em realizar a manifestação sem ser revistado. Informou que a manifestação seguiria, que não seria revistada e que o ato seguiria à esplanada independente de qualquer decisão arbitrária da polícia.

    As baterias ressoaram, as palavras de ordem ficaram mais incisivas, as balaclavas subiram ao nariz. Um cheiro de vinagre começou a se confundir com gás lacrimogênio. O bloco se aproximou e caminhou rumo à esplanada, chegando nariz a nariz com o bloqueio policial. \”Deixa passar a revolta popular\” foi uma das últimas palavras de ordem ouvidas antes das bombas começarem a estourar. O conflito inicial, entre as duas linhas de frente, foi composto por um brutal e bestial ataque da polícia. Policiais abriram mão de suas armas e atacaram com paus e pedras que vinham do lado de cá; roubaram os escudos e passaram a se defender com as madeirites pintadas com \”Poder para o povo\”. O bloqueio da tropa de choque policial utilizou lacrimogênio, spray de pimenta, bombas de efeito moral, balas de borracha. Uma nova bomba, que faz barulho, emite luz e solta gás lacrimogênio como um buscapé também foi utilizada. A repressão policial abriu-se rapidamente.

    Este primeiro ataque policial foi brutal e muito eficiente em desestruturar o primeiro momento da manifestação: as barricadas utilizadas dia 29/11 foram rapidamente desmontadas; as bombas de gás asfixiaram qualquer tentativa de reaglomeração e resistência na rua; o bloco policial não parou de avançar de forma que recuar tornou-se a única alternativa. Mas como a repressão policial não parava (contrariando uma possível ação tática de utilizar a força bruta para conter e dispersar rapidamente a manifestação), o ato desmembrou-se em vários blocos menores que seguiu distintos caminhos pela cidade, extrapolando o espaço anteriormente previsto para a manifestação. Em suma, a repressão tornou impossível que o ato se dispersasse completamente, pois quem se desgarrava em grupos menores era perseguido e detido pela PM. Ficar organizado e em grupos grandes tornou-se também uma alternativa de autodefesa. Segue uma lista das trajetórias de alguns que parecem ter sido os principais blocos deste segundo momento da mobilização:

    – Um grupo embaralhou-se à população na Rodoviária do DF, realizando atos e mobilizações ali mesmo junto a usuários e usuárias de ônibus. Um ônibus da viação TCB foi queimado nestas imediações (cuja foto de um garoto acendendo um cigarro em seu fogo tornou-se símbolo do protesto). A partir daí este grupo ficou ilhado na rodoviária do DF, perseguido dentro dela e com pequenos focos de confronto. A polícia passou a revistar indiscriminadamente qualquer pessoa tida como suspeita e deteve algumas tantas para averiguação. Esta situação durou algumas horas.

    – Outro Grupo foi para a Rodoviária da Região Metropolitana (entorno) do Distrito Federal, no outro lado da rua. Alguns ônibus foram quebrados e há relatos de que dirigentes das centrais sindicais burocráticas passaram a denunciar uma ou outra pessoa à polícia como vândalos. Este grupo, espremido pelas bombas de gás lacrimogênio, dividiu-se em dois caminhos: parte subiu as escadas da rodoviária rumo ao andar superior (que dava acesso ao CONIC) e outra parte seguiu pela lateral da rodoviária rumo ao Setor Bancário Sul.

    – O grupo que subiu as escadas travou a via imediatamente a frente da escada, utilizando um ônibus como trava da via. Parte deste grupo seguiu para o Setor Bancário Sul e outra parte foi refugiar-se no CONIC. O CONIC, um conjunto de prédios comerciais com formato de galerias de comércio alternativo, foi sitiado pela polícia que passou a prender, espancar e perseguir quaisquer pessoas que pudessem ser identificadas como manifestantes. As lojas e prédios locais fecharam por receio de que a repressão adentrasse suas portas.

    – Um grupo grande, vindo pelos dois lados da Rodoviária da Região Metropolitana, encontrou-se no Setor Bancário Sul. A imediata compreensão de que era o setor financeiro quem se beneficiaria da aprovação da PEC estimulou a manifestação a se reorganizar e seguir, ali, realizando intervenções sobre os prédios dos bancos e outras organizações capitalistas beneficiadas pelo corte de gastos. Neste momento, por diferentes motivos (engarrafamento, dispersão, falta de planejamento) a polícia não tinha tropas direcionadas para este grupo, que era o maior remanescente da manifestação. Os/as manifestantes saíram do setor bancário sul rumo à W3 Sul, passando pelo Setor Hoteleiro/Comercial Sul. Neste caminho duas coisas simultâneas ocorreram: alguns bancos privados e sedes de partidos conservadores estavam no caminho. A resposta à repressão e aprovação da PEC 55 atingiu principalmente o Itaú Cultural, Banco Santander e Partido Trabalhista Brasileiro com sprays, paus, pedras. Não foi registrada no IML nenhuma ocorrência de vidros, prédios e placas com risco de vida. Apesar de suas instituições sugarem todo nosso sangue, edificações ainda não possuem sistema nervoso e, portanto, não podem ser vítimas de violência física.

    – Chegando ao começo da W3 Sul foi sugerido que a manifestação ali presente caminhasse até a sede local da Rede Globo, localizada cerca de oitocentos metros dali, no começo da W3 Norte. Este setor da cidade estava todo engarrafado tanto pelo horário como pelo caos instaurado há pouco pela repressão. O bloco caminhou sem problemas aparentes até bem perto da sede da Rede Globo, onde uma operação policial estava armada para conter a manifestação. Vários grupos de carros e motos da Rotam e Bope dispersaram mais ainda este bloco, fazendo com que dezenas de pequenos grupos – indo de duas até de cinquenta pessoas – fugissem da repressão rumo às primeiras quadras da asa norte. Um grupo passou pela porta da concessionária da Citroen e entrou na Concessionária, que afirmou ter tido 20 carros depredados.

    – Outro grupo correu da Globo para dentro da SQN 302, tentando sair do ato e caminhar rumo à UnB. Esta quadra e suas vizinhas são blocos destinados a parlamentares, ministros, e militares. Os blocos destinados a políticos são normalmente vazios, pois os mesmos utilizam a sua bolsa aluguel pra se hospedarem em resortes ou bairros mais luxuosos da capital. Tanto por denúncias dos moradores destes bairros elitistas como pela perseguição, estes pequenos grupos passaram a viver um jogo de pacman pelas quadras de Brasília, com a diferença de não haver qualquer pílula que transformasse momentaneamente os fantasmas em seres inofensivos. Muitas pessoas conseguiram se esgueirar e fugir pelas quadras. Outras tantas foram detidas e jogadas ao escárnio público de moradores/as conservadores/as da cidade. Há que se ressaltar, porém, que muitos/as moradores/as ajudaram pessoas que fugiam, ofereceram abrigo, indicaram caminhos e filmaram arbitrariedades policiais. Para a mídia corporativa, obviamente, só os relatos conservadores servem e importam. O ato contra a PEC havia enfim se dissolvido na cidade.

    Não foram poucos os casos de tortura, repressão e violência policial neste momento, espalhados em toda a cidade. Várias pessoas presas tomaram chutes, socos e pisões quando já algemadas e deitadas. Outras tiveram sprays de pimenta jogados diretamente em suas faces quando já rendidas. Outras tantas ouviram as mais distintas ameaças, recheadas de todos os preconceitos machistas, racistas, homofóbicos a depender de qual grupo social fossem identificados. Pessoas caminhavam pelas ruas com medo da mais simples presença policial, que podia tornar-se agressiva a qualquer momento e em qualquer local/hora. Durante muitos dias depois a sensação ainda seria a de se perceber-se perseguido/a por agentes da lei.

    * Pós-ato, vigília e tentativas de enquadramento

    Neste momento, enfim, não havia qualquer foco de manifestação pela cidade. As pessoas foram trocando mensagens, tentando se localizar, compreender o número de detidos/as e organizar redes de apoio. As delegações de fora de Brasília estavam localizando se havia algum/a preso/a de suas cidades. \”Você está bem? Onde você está?\” devem ter sido trendtopics das agências de monitoramento das redes sociais. Muitas pessoas feridas estavam se tratando e tentando evitar maiores sequelas da repressão. Ao fim, foram localizados/as a maioria das pessoas presas. Estavam ou na 5ªDP, na Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) ou no Departamento de Polícia Especializada (DPE). Com a exceção de um adolescente que foi mantido na DCA, todas/os detidos/as que não foram liberados imediatamente foram levados à DPE. Convocou-se então uma vigília de apoio aos manifestantes na porta da Delegacia.

    Aos poucos foram chegando diversos militantes na porta da Delegacia. Não havia uma dimensão exata do número de pessoas detidas naquele momento, mas falava-se em um número que girava entre cinquenta e cem pessoas. Advogados/as chegaram e, após muita insistência, conseguiram entrar para encontrar as pessoas detidas. Chegamos ao número de sessenta e quatro pessoas presas quando a lista geral foi liberada pela polícia. Junto dela, também, a intenção de enquadrar todos/as detidos no artigo 20 da Lei de Segurança Nacional. Este, datado de 1983,

    \”Define os crimes contra a segurança nacional, a ordem política e social, estabelece seu processo e julgamento e dá outras providências.
    Art. 20 – Devastar, saquear, extorquir, roubar, seqüestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas. Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. Parágrafo único – Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até o dobro; se resulta morte, aumenta-se até o triplo.\”

    Este enquadramento era altamente arbitrário pois não havia identificação nem flagrante das pessoas detidas cometendo qualquer delito; o enquadramento seria realizado coletivamente sem discriminação individual (de um conjunto de pessoas presas a esmo na manifestação); finalmente porque uma lei oriunda da Ditadura Militar para atacar grupos políticos tratados como terroristas não deveria ser utilizada nos dias de hoje. Caso isso ocorresse, estava aberto mais um precedente do estado de exceção para criminalização dos movimentos sociais.

    A rede de apoio avolumou-se e fez diferentes atividades de pressão/solidariedade: muitos/as advogados/as foram contatados/as, ligações e articulações junto a setores de direitos humanos, agentes institucionais. Chamado a parlamentares locais e federais para realizarem intermediação na DPE e também pressão junto ao executivo local. A vigília uniu diferentes grupos à frente da DPE que, à sua maneira, faziam ligações e informes para outros grupos, compravam comidas e suprimentos para as pessoas presas; montaram um conjunto de tendas para que se abrigassem madrugada adentro enquanto a acusação definia-se ou não em relação a quem fora detido/a. Toda esta pressão teve resultado: horas depois da entrada de parlamentares e representantes do governo para mediar com a polícia, foi retirada a acusação de violação da Lei de Segurança Nacional. Todos/as detidos assinaram um termo circunstanciado e foram, durante longas horas madrugada adentro, sendo liberados/as. Todas/os, ao sair, relataram todo o terror que passaram na mão da polícia desde suas detenções (quando muitos foram torturados/as, espancados/as e ameaçados/as de morte), ao tratamento humilhante que receberam na DPE e o terror da acusação ao qual estavam sendo acometidos/as sem nenhuma prova. Por força da mobilização, enfim, uma vitória foi conquistada e a Lei de Segurança Nacional foi retirada do caso.

    Sobrou somente um adolescente preso. Este, um estudante paranaense, passou a noite dormindo ao relento na DCA, acusado de depredação de patrimônio. As possibilidades aventadas antes da audiência de conciliação era de que ele ficasse preso em Brasília até o fim do processo ou que ficasse em liberdade mas não pudesse sair dos limites do Distrito Federal rumo à sua casa. Novamente, em função de uma boa atuação das conselheiras tutelares envolvidas – junto a advogados/as, parlamentares, movimentos sociais e de direitos humanos – o jovem foi liberado para voltar a sua cidade natal e responder ao processo (com acusações bem mais brandas) em liberdade.

    Os dias posteriores ao ato estão ainda constituindo seu legado. Os movimentos sociais estão refletindo internamente sobre a nova conjuntura e perspectivas de ação. O Estado afirmou estar investigando por meio de seus arquivos, vídeos e documentos diversos militantes presentes no ato com intenção de realizar processos posteriores. A PEC da morte foi aprovada com ampla reprovação da sociedade e em sua sequência já foram anunciadas as impopulares e cruéis Reforma da Previdência e Reforma Trabalhista. Os conflitos de 2016 seguirão por algum tempo.

    * Legados e desafios

    Seguem, enfim, algumas considerações finais sobre esta mobilização e questões futuras

    1 – O ato do dia 13/12 de Brasília foi uma manifestação organizada em torno da Ação Direta; não foi um ato ordeiro desvirtuado pelos infiltrados. Ao contrário da manifestação passada, o setor que articulava um tipo de mobilização burocratizada e hierárquica não teve presença determinante na mobilização. Seja pelo aparato de segurança da polícia ter conflitado com o aparato instrumental destes setores ou mesmo por eles não terem investido seriamente na sua autoexpressão durante a mobilização. O conjunto de táticas, organizações, instrumentos e perspectivas da manifestação do dia 13/12 eram orientadas à metodologia de Ação Direta de Rua.

    2 – A ação das forças do estado do Distrito Federal tomaram a cena mais uma vez. Em um primeiro momento, pela demonstração de eficácia, controle e rapidez na repressão à mobilização. Em um segundo momento, pela estranha ação de espraiar os blocos de manifestantes pela cidade. Por fim, em sua capacidade de realização do terror urbano e persistência em perseguir manifestantes onde quer que estivessem. A polícia manteve o controle da mobilização, com uma vitória exemplar sobre a manifestação enquanto ela esteve na esplanada. Aparentemente perdeu a dimensão da ação tática quando a manifestação se espalhou pela cidade, entre engarrafamentos, blocos distintos e mudanças de trajetos. Todavia manteve-se em atividade firme mesmo quando aparentemente perdida taticamente.

    3 – Junto à disciplina, equipamentos e organização tática, também ganhou destaque a crescente e latente expressão de ódio à manifestação, por parte dos policiais. Em diferentes espaços (seja nas mobilizações, redes sociais e na hora da detenção), agentes da polícia tem apresentado uma valoração pessoal odiosa aos manifestantes, para além do exercício da lei. Este ódio expresso tem encontrado ressonância justamente junto aos setores nobres da população onde uma detenção massiva foi executada. Esta combinação de elementos deve sempre abrir um alerta a qualquer militante, pois carrega traços de violência política que leva a caminhos mais perigosos. Assim, os precedentes de criminalização pela Lei de Segurança Nacional e os relatos de tortura devem ser bem recordados pois podem indicar um acirramento muito mais radical que os que se vislumbra atualmente.

    4 – A disposição à Ação Direta aparentemente foi a responsável pela manutenção da manifestação quando da primeira dispersão. Talvez, fosse um ato organizado com uma outra disposição, a resposta à primeira repressão violenta fosse de resignação. Todavia os ensinamentos e traumas do ato anterior foram convertidos em metodologias de resistência que, se não mantiveram o ato pela esplanada, espraiaram-no pela cidade. Contraditoriamente, muitas pessoas relatavam que tentaram sair da manifestação mas em função da repressão direcionada não viram outra forma que não fosse seguir junto aos grupos organizados, como forma de autodefesa.

    5 – Dado que a Ação Direta não é debatida abertamente por um amplo setor da esquerda há pelo menos algumas décadas, estamos em um estágio muito preliminar de suas dimensões. Esta característica crescente nas lutas atuais tem diversos méritos (defendidos por quem a emprega) e fragilidades (alardeados por quem a critica) que estão poucos baseados na experiência real vivenciada. Está em aberto a reflexão por parte dos grupos defensores da Ação Direta uma análise profunda sobre quais os possíveis limites e perigos destas formas de ação. Ao contrário de fragilizar, este debate pode trazer mais aprofundamento da perspectiva. Listando algumas questões, podemos refletir por exemplo sobre a contradição em realizar manifestações com métodos de açãos direta antiestatistas e necessitar do apoio institucional para ser libertado/a da repressão (em algum momento a institucionalidade pode não comportar mais setores sensíveis às luta). Também ficou a reflexão sobre como lidaremos com o perigo que enfrentamos: por sorte, algum cuidado dos manifestantes ou decisão tática da repressão, nenhum manifestante se machucou mais seriamente. Por outro lado, o número de pessoas traumatizadas pós-manifestação é muito grande. A repressão à Ação Direta causou simultaneamente revolta popular e sequelas diversas em muitos/as militantes.

    6 – Existem, na esquerda, três principais linhas de luta convivendo durante as mobilizações – expressas neste texto cada uma delas pela Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e Setor de Ação Direta. Cada um destes três setores tem um trunfo específico que apresenta publicamente em suas lutas (infraestrutura institucional; capacidade organizativa; contundência na ação). Nas diferentes cidades brasileiras estes três setores tem convivido com mais cooperação ou conflito. Independentemente de quais fragilidades possam apontar um ao outro, todas estas estratégias tem sido derrotadas nas lutas objetivas.

    ***

    “E com o bucho mais cheio comecei a pensar:
    Que eu me organizando posso desorganizar
    Que eu desorganizando posso me organizar
    Que eu me organizando posso desorganizar”,
    (Chico Science, da lama ao caos)

    A Ação Direta não diz respeito somente a manifestações violentas; é um conceito que trata sobre romper com as mediações que sustentam a organização atual das coisas. As manifestações deste tipo atingem tanto o conteúdo da luta concreta (neste caso a pauta da PEC) como a forma da organização da sociedade capitalista. Ao propiciarem espaços de auto-organização, gestão direta das escolas/universidades, greves radicalizadas e ativas, espaços de luta não burocratizados ou hierárquicos, a luta contra a PEC da morte, ainda que derrotada objetivamente, possibilitou uma vitória que as lutas futuras hão de herdar: aprendemos que nos organizando podemos desorganizar.

    Escrito por Nigganark

    Agradeço às revisões de Leila Saraiva, Ana Vaz, Germano Corrêa, Carla Coelho, Sara Teixeira, Bianca Campos, Thiago Lima

  • Palácio do Planalto ocupado!

    Cerca de 500 lideranças indígenas (de vários povos do MA, BA, RS, SC e SP), de pescadores e pescadoras artesanais, quilombolas e quebradeiras de coco ocuparam o Palácio do Planalto, na manhã dessa terça-feira, 22.

    Na pauta dos movimentos estão o repúdio à PEC241-55/16, à PEC 215/00 e ao PL 4059/12, que libera a venda de terras para estrangeiros.

    Os povos e comunidades tradicionais também cobram Temer sobre os recentes boatos sobre possíveis mudanças que o governo estaria planejando fazer nos procedimentos administrativos de demarcação das terras indígenas.

    Além disso, os povos manifestam-se pela retomada das demarcações das terras indígenas, quilombolas e reconhecimento e regularização dos territórios pesqueiros.

    Retirado de: . Data de acesso: 22/11/2016

  • Frente ao despejo e à repressão, organização

    Solidariedade com Chanti Ollín

    Do outro lado de um mar de automóveis, ativistas encontraram um edifício para fazer um projeto que, doze anos depois, está cheio de vida, de murais nas paredes, de desenhos de tantas pessoas que passam e invenções que reciclam ideias e materiais. Hoje, esse espaço está sendo destruído pelo governo \”esquerdista\” da Cidade do México.

    México, DF.

    O Chanti Ollín não é uma casa ocupada. É um espaço que abre suas portas a todas aquelas pessoas que estão dispostas a procurar, encontrar e compartilhar novas e antigas maneiras de viver em hamornia com a natureza. \”Para nós, o diálogo é intercâmbio, e o aprender fazendo, é a clave\”, diz um integrante desse espaço. Apesar de estar em uma zona da Cidade do México com mais investimento de capital, resistem e constróem opções de vida em um sentido diferente.

    Depois da greve da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) de 1999 a 2000, um grupo de mulheres e homens que participaram do movimento estudantil perceberam a necessidade de contar com um espaço que pudesse servir de teto e no qual também seria possível desenvolver projetos e atividades alternativos que congregaram diferentes correntes de pensamento e de concepção de vida.

    Do outro lado do mar de automóveis, no meio de um ambiente de negócios e depois de buscar em diferentes pontos da cidade, encontrarm um prédio com todas as características para fazer um projeto de vida e de esperança. O espaço que agora está repleto de áreas cheias de vida, de murais nas paredes, de desenhos de tantas pessoas que passam por ali e que fazem invenções que reciclam ideias e materiais. O que as pessoas das cidades consideram lixo, para eles é visto como uma possibilidade de algo novo e útil.

    Comparando com a lógica do capital, que cria objetos que devem para de funcionar em curto período de tempo, tornando-se obsoletos e materiais para as lixeiras, os moradores do Chanti criam um mundo de possibilidades aproveitando cada parte.

    Em doze anos, o projeto de Chanti Ollín passou por diferentes etapas, sobreviveu a duas tentativas de despejo e hoje está sofrendo a terceira tentativa. Na madrugada de hoje, 22 de novembro de 2016, o Chanti Ollin foi despejado por granadas, que bateram e levaram seus 26 membros e uma menor de três anos de idade a agência policial número 50. Companheiros que se acercaram ao Ministério Público informaram que as autoridades se negaram a dar informações sobre os companheiros e que maquinas de demolição já estão no perímetro de fora do prédio, o que faz as pessoas temerem pela demolição completa do espaço. Por isso fazemos um chamado de solidariedade internacional com o espaço e seus habitantes.

    As diferentes atividades que se realizam no espaço, apoiam o propósito ciclico do Chanti. De uma maneira em que tudo se complementa. O forno produz o pão para comer e a cinza se utiliza nos banheiros secos que foram construídos ali mesmo. Da mesma maneira se planta e se colhe em sua horta verde os frutos com que são feitos os alimentos. \”O povo mexicano é filho da milpa*, que não é só de milho, mas que inclui o feijão, a abobora e o amaranto. É nossa identidade, e temos que semear as sementes necessárias para não perdê-las\”, relata uma mulher. O Chanti também conta com grupos de dança e teatro que vão a diferentes cidades e comunidades do país, um estúdio musical e um lugar onde seus membros fazem uma televisão comunitária todas as quartas, que abre as portas aos que querem aprender.

    Sem pedir nada às intituições nem aos governos, com uma crítica sistemática ao modelo capitalista, constróem em seu fazer de todos os dias um espaço para uma vida mais justa, que sirva de refúgio artístico, cultural e ideológico com espírito ancestral. As ações imediatas para a recuperação e a solidariedade com o espaço são fundamentais para sua sobrevivência. Informe-se, apóie e difunda.

    Ante el desalojo y la represión, organización
    Solidaridad con el Chanti Ollín

    Al otro lado de un mar de autos, los activistas encontraron un edificio para hacer un proyecto que, doce años después, está repleto de vida, de murales en las paredes, de dibujos de las tantas personas que pasan e inventos que reciclan ideas y materiales. Hoy este espacio está siendo destruído por el gobierno “izquierdista” de la Ciudad de México.

    México, DF. El Chanti Ollin no es una casa ocupada. Es un espacio que abre sus puertas a todo aquel que esté dispuesto a buscar, encontrar y compartir nuevas y antiguas maneras de vivir en armonía con la naturaleza. “Para nosotros el diálogo es intercambio, y el aprender haciendo, la clave”, señala un integrante de este espacio. A pesar de encontrarse en una de las zonas de la Ciudad de México con más inversión de capital, resisten y construyen opciones de vida en sentido distinto.

    Después de la huelga de la Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) de 1999 al 2000, un grupo de hombres y mujeres que participaron en el movimiento estudiantil se vieron en la necesidad de contar con un espacio que les sirviera de techo y en el cual poder desarrollar proyectos y actividades alternativos que congregaran diferentes corrientes de pensamiento y de concepción de la vida.

    Al otro lado de un mar de autos, en medio de un ambiente de negocios y después de buscar en diferentes puntos de la ciudad, encontraron un edificio con todas las características para hacer un proyecto de vida y esperanza. El espacio ahora está repleto de áreas llenas de vida, de murales en las paredes, de dibujos de las tantas personas que por ahí pasan e inventos que reciclan ideas y materiales. En lo que la gente de la ciudad considera basura ellos ven una posibilidad de algo nuevo y útil.
    En comparación a la lógica del capital, que crea objetos que dejan de funcionar en un corto lapso de tiempo, volviéndolos obsoletos y material para los basureros, los habitantes del Chanti crean un mundo de posibilidades aprovechando cada parte.

    En doce años, el proyecto de Chanti Ollin ha pasado por diferentes etapas y ha sobrevivido a dos intentos de desalojo y ahora están viviendo el tercer intento. En la madruga de hoy, 22 de noviembre de 2016, el Chanti Ollin fue desalojado por granaderos, que golpearon y se llevaron a 26 de sus miembros y a una menor de tres años de edad a la agencia de policía número 50. Compañeros que se han acercado al Ministerio Público informan que las autoridades les han negado información sobre sus compañeros y máquinas de demolición se reportan a la afueras del edificio, se teme que se realice una demolición completa del espacio. Desde Acá hacemos un llamado a la solidaridad internacional para con este espacio y sus habitantes.

    Las diferentes actividades que se llevan a cabo abonan al propósito cíclico del Chanti. En efecto, todo se complementa. El horno produce el pan que habrá de comerse y la ceniza que se utiliza en los baños secos, que construyen ahí mismo. De igual manera siembran y cosechan en su azotea verde los frutos con los que se hacen sus propios alimentos. “El pueblo mexicano es hijo de la milpa, que no solo es el maíz, sino que incluye el frijol, la calabaza, el amaranto. Es nuestra identidad, y hay que sembrar las semillas necesarias para no perderlas”, relata una mujer. En el Chanti también cuentan con grupos de danza y teatro que llevan a diferentes ciudades y comunidades del país; un estudio musical y un foro desde donde todo los miércoles se hace television comunitaria, que abre sus puertas a todo aquel que quiera aprender.

    Sin pedirle nada a las instituciones ni a los gobiernos, con un crítica sistemática al modelo capitalista, construyen en su que hacer de todos los días un espacio por una vida más justa, que sirva de refugio artístico, cultural e ideológico con espíritu ancestral. Las acciones inmediatas para la recuperación y solidaridad con el espacio son fundamentales para su sobrevivencia. Infórmate, apoya y difunde.

  • CAMPANHA INTERNACIONAL “VIDAS NEGRAS IMPORTAM, VIDAS BRASILEIRAS IMPORTAM!”

    [Português]
    No Brasil, 160 pessoas foram assassinadas por dia em 2015: uma pessoa morta a cada 9 minutos (http://bit.ly/2eOOaZ7)!

    No total 58.383 vidas foram arrancadas violentamente por homicídio ao longo do último ano. Foi isto que revelou o mais recente anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base em números oficiais (http://glo.bo/2fdyU9p). Se considerarmos que tais números oficiais geralmente são subestimados, conforme revelou estudo recente feito pelo IPEA sobre “o Mapa de Homicídios Ocultos no Brasil”, chegamos à conclusão de que seguramente MAIS DE 60.000 PESSOAS FORAM ASSASSINADAS NO BRASIL AO LONGO DE 2015 (http://bit.ly/2fCikw0).

    Para se ter uma ideia da gravidade desta situação basta pensar que a Guerra da Síria matou violentamente, nos últimos 4 anos, um total de 256 mil pessoas. Durante o mesmo período, no Brasil, quase 279 mil pessoas foram assassinadas. Ou seja: A GUERRA NÃO DECLARADA NO BRASIL MATA MAIS DO QUE A GUERRA DECLARADA NA SÍRIA (http://glo.bo/2fCat1D). Esses índices brasileiros representam 11,4% DOS HOMICÍDIOS EM TODO O MUNDO, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU) já havia alertado pouco tempo atrás: a cada 100 homicídios no planeta, no mínimo 11 deles ocorrem comprovadamente no Brasil (http://bit.ly/1UtR5RY)

    Deste total alarmante, um número expressivo de mortes é cometido por policiais e/ou grupos paramilitares ligados direta ou indiretamente à polícia brasileira. Os números atestam que, no mínimo, 9 PESSOAS POR DIA FORAM MORTAS PELAS POLÍCIAS DO BRASIL AO LONGO DE 2015, o que representou 3.345 VIDAS arrancadas violentamente pela polícia somente no ano passado (http://glo.bo/2e3yVdp). Isto significa que a polícia brasileira mata em apenas 6 dias o que a polícia britânica, por exemplo, demora 25 anos para matar (http://bit.ly/2gdvljm). É isto mesmo que você leu: 6 dias versus 25 anos!

    Estudos ainda apontam que há um forte recorte racial, social e geográfico nessas mortes violentas epidêmicas. Conforme o Relatório Final da CPI de Homicídios Juvenis do Congresso Federal, recém-publicado: 63 jovens negros são assassinados por dia no Brasil – um jovem negro morto a cada 23 minutos (http://bit.ly/2fCgknQ). Os números atestam, portanto, as conclusões alarmantes a que já tinha chegado o “Mapa da Violência de 2016”, estudo anual coordenado pelo professor Júlio Jacobo Waiselfisz, o qual constatou que entre 2004 e 2014 houve um crescimento de 18,2% de homicídios contra negros, em contraponto a uma diminuição de 14,6% contra pessoas que não são pretas ou pardas (http://glo.bo/25iOQIe).

    Ou seja, o racismo segue matando (e muito!) no Brasil. Assim como a condição econômica e social, o CEP de moradia, trabalho ou de estudo das vítimas preferenciais: jovens negros, trabalhadores pobres, moradores de bairros periféricos.
    Finalmente, deve-se dizer que os agentes policiais não são apenas algozes deste genocídio. O número de policiais – a maioria negros e pobres também – vítimas de homicídios quando estão em serviço ou de folga também são altos no país.

    No ano passado, por exemplo, 393 policiais foram mortos de forma violenta. Segundo o anuário do FBSP, os policiais brasileiros são três vezes mais assassinados fora do horário de serviço do que trabalhando. Mas em 2015 houve crescimento de 30,5% no número de policiais assassinados: 103 morreram durante o expediente e 290 fora, geralmente em situações de reação a roubo (http://glo.bo/2e3yVdp).

    É CONTRA ESTE CENÁRIO DE GENOCÍDIO QUE PROPOMOS A CAMPANHA INTERNACIONAL

    #BlackBraziliansMatter , #BrazilianLivesMatter.

    Trata-se de uma Campanha Internacional que vamos lançar no próximo dia 17/11, na mesma data em que lançaremos o livro “Mães em Luta – 10 anos dos Crimes de Maio”, organizado por André Caramante da Ponte Jornalismo, durante as atividades do #NovembroNegro e do Mês da Consciência Negra aqui no Brasil. Trata-se de uma campanha e um conjunto de atividades pensadas pelas Mães e Familiares de Vítimas Diretas deste Genocídio, pessoas, famílias e histórias reais, de carne e osso, lutos e lutas. Para nós, Mães de Maio e a nossa Rede de Mães e Familiares de Vítimas do Estado Brasileiro, as Mães de Vítimas não têm Fronteiras, as Mães de Vítimas não têm Raça, Pátria nem Patrão: Nós Somos Mães e Familiares lutando pela Vida de nossos Filhos e Filhas, sem distinção! Por isso ela será uma campanha organizada junto a uma série de movimentos sociais nacionais e internacionais também, a começar pela rede #BlackLivesMatter dos Estados Unidos.

    Com ela nós queremos gritar ao mundo, daqui de dentro desta guerra genocida no Brasil, e sentindo todos os efeitos terríveis dela: NÃO É POSSÍVEL MAIS CONVIVER COM ESTA ERA DE CHACINAS E SEUS CASOS SANGRENTOS QUE SE SUCEDEM COTIDIANAMENTE, HÁ MAIS DE 20 ANOS, COMO SE FOSSE ALGO NORMAL E CORRIQUEIRO… A Chacina de Acari, o Massacre da Candelária, o Massacre do Carandiru, o Massacre do Sonho Real (em Goiânia), os Crimes de Maio de 2006, a Chacina da Cabula, a Chacina de Belém, a Chacina de Manaus, a Chacina da Messejana (Fortaleza), a Chacina de Natal, de Joinville, os Amarildos, as Claudias, a Chacina de Costa Barros em 2015, as execuções sumárias cotidianas por todo o Brasil, até o mais recente caso de barbárie policial aqui no estado de São Paulo: o desaparecimento seguido da execução cruel dos 5 Jovens da Zona Leste da capital paulista, agora mesmo em Novembro de 2016.

    Nossa campanha internacional apela para que nós juntos consigamos DAR UM BASTA NESTE VERDADEIRO GENOCÍDIO DA POPULAÇÃO NEGRA, POBRE E PERIFÉRICA BRASILEIRA!!!
    Convidamos a todos que se sensibilizam e concordam com esta causa a ser parte desta Campanha Internacional: A partir de então serão feitos diversos outros atos públicos e novas ações, aqui no Brasil e também em outras partes do mundo, denunciando esta realidade e clamando por uma transformação urgente desta situação.

    NOSSAS VIDAS E AS VIDAS DOS NOSSOS FILHOS E FILHAS IMPORTAM!!!

    Por favor, compartilhem esta convocatória utilizando as 5 hashtags abaixo, juntas:

    #VidasNegrasImportam #VidasBrasileirasImportam
    #BlackLivesMatter #BlackBraziliansMatter #BrazilianLivesMatter

    TRANSLATIONS: COLETIVO TRADUÇÃO TÁTICA (BRASIL)

    ========Versão Inglês/English=======

    *INTERNATIONAL CAMPAIGN “BLACK LIVES MATTER, BRAZILIAN LIVES MATTER!”*

    In Brazil, 160 people per day were murdered in 2015: one individual every 9 minutes (http://bit.ly/2eOOaZ7)! A total of 58.383 lives were violently taken by homicide in the course of the last year. This situation was unveiled in the most recent annuary published by the Brazilian Forum on Public Safety, based on official figures (http://glo.bo/2fdyU9p). If we consider that such figures are usually underestimated, as indicated by a recent study carried out by IPEA titled “Map of Hidden Homicides in Brazil”, we come to the conclusion that surely MORE THAN 60,000 PEOPLE WERE MURDERED IN BRAZIL IN THE COURSE OF 2015 (http://bit.ly/2fCikw0).

    A comparison sheds light on the gravity of this situation: in the last 4 years, the Syrian War has violently killed a total of 256 thousand people. During the same period in Brazil almost 279 thousand people were murdered. In other words: THE NON-DECLARED WAR IN BRAZIL KILLS MORE THAN THE DECLARED WAR IN SYRIA (http://glo.bo/2fCat1D). Such Brazilian indices represent 11% OF ALL HOMICIDES AROUND THE WORLD, as the United Nation (UNO) declared not long ago: out of every 100 homicides in the planet, at least 11 certifiedly take place in Brazil. (http://bit.ly/1UtR5RY)

    Of this alarming total, an expressive number of murders is committed by police officers and/or paramilitary groups directly or indirectly linked to the Brazilian police. The figures attest that, at least, 9 PEOPLE A DAY WERE KILLED BY POLICE FORCES IN BRAZIL IN THE COURSE OF 2015, which amounted to 3,345 LIVES violently taken by police hands (http://glo.bo/2e3yVdp) last year alone. This means that the Brazilian police murders in 6 days what the British Police, for instance, takes 25 years to kill (http://bit.ly/2gdvljm). Yes, you are reading correctly: 6 days against 25 years.

    Further studies point out that there is a racial, social and geographic bias in these epidemical violent deaths. According to the Final Report by the Federal Congress Enquiry Comission (CPI) on Juvenile Homicides, recently published: 63 young black men are killed every day in Brazil – one black youngster killed every 23 minutes (http://bit.ly/2fCgknQ). The figures confirm, then, the alarming conclusions arrived at by the “Map of Violence 2016”, a yearly study coordinated by professor Júlio Jacobo Waiselfisz, who found out that between 2004 and 2014 there was a growth of 18.2% in homicides committed against blacks, contrasted with a decrease of 14.6% against people who are not black or mixed [parda] (http://glo.bo/25iOQIe). In other words, racism keeps killing (a lot) in Brazil. Alongside the social and economic condition, also are determinant in the making of preferential victims: the city zone of abode, of work or of study. The preferential victims are black youngsters, poor workers, dwellers of peripheral neighbouhoods.

    Finally, it must be said that policemen are not only the henchmen of this genocide. The number of police officers – most of them also black and poor – who are victims of homicide themselves, on-duty or off-duty, is very high. Last year, for instance, 393 policemen were killed in a violent manner. According to the FBSP annuary, Brazilian policemen are three times more likely to be killed off-duty than on-duty. But in 2015 there was an increase of 30.5% in the number of murdered policemen: 103 died during working hours and 290 off-duty, usually in situations of reaction to a theft (http://glo.bo/2e3yVdp).

    *IT IS AGAINST THIS EVIDENT GENOCIDE THAT WE ARE LAUNCHING THE INTERNATIONAL CAMPAIGN #BlackBraziliansMatter , #BrazilianLivesMatter*.
    The official launch will take place on November 17th, along with the launch of the book “Mothers in the struggle – 10 years after the Crimes of May”, organised by journalist André Caramante of Ponte Jornalismo, during the activities linked to the Black Awareness Month #NovembroNegro here in Brazil. This is a campaign and a set of activities created by the Mothers and Family Members of the Direct Victims of this Genocide , gathering individuals, families and their real stories, flesh and bone, struggles and mourning. For us, \"Mothers of May\", Mothers of Victims Without Frontiers, Mothers of Victims Have No Race, No Fatherland and No Boss: We are Mothers and Families struggling for the Life of our Sons and Daughters, with no distinction! This is why it will be a campaign organised together with many national and international social movements, notably with the #BlackLivesMatter network in the USA.

    With it we want to call out to the world, from the midst of this genocidal war in Brazil and suffering from all its terrible effects: IT IS NOT POSSIBLE TO ACCEPT THIS AGE OF MASSACRES AND THE CONTINUOUS BLOODY EPISODES THAT HAVE BEEN TAKING PLACE DAILY FOR OVER 20 YEARS… The ACARI massacre, the Candelária massacre, the Sonho Real massacre (in Goiânia), the Crimes of May 2006, the Cabula massacre, the Manaus massacre, the Messejana massacre (in Fortaleza), the Natal massacre, the Joinville massacre, the Costa Barros massacre in 2015; all the Amarildos, Claudias and countless other victims, the daily summary executions around Brazil, up until the most recent case of police barbarism here in the State of São Paulo: the kidnapping followed by cruel execution of 5 youngsters of the East Zone of São Paulo in November 2016.

    Our international campaign calls out for all to *STOP THIS VERITABLE GENOCIDE OF THE BLACK, POOR AND PERIPHERAL POPULATION OF BRAZIL!!!*

    We invite all those who embrace and agree with our cause to come to the *LAUNCH OF THIS INTERNATIONAL CAMPAIGN, THIS THURSDAY (NOVEMBER 17th), 6 p.m., at SALA DOS ESTUDANTES IN THE LAW SCHOOL OF SÃO PAULO UNIVERSITY (FADUSP – São Francisco)*. Here is the link for the event: https://www.facebook.com/events/156836831450410/

    This is the starting point for many other demonstrations and actions, here in Brazil and also in other parts of the World, to denounce this reality and calling out for an urgent transformation of this situation

    *OUR LIVES AND THE LIVES OF OUR SONS AND DAUGHTERS MATTER!!!*

    *_Please share this call by using the 3 hashtags below, together:_*

    *#BlackLivesMatter #BlackBraziliansMatter #BrazilianLivesMatter*

    ========Versão Espanhol/Espanol=======

    *CAMPAÑA INTERNACIONAL ¡VIDASNEGRAS SON IMPORTANTES, VIDAS BRASILEÑAS SON IMPORTANTES!*

    En Brasil, 160 personasfueron asesinadas por día en 2015: una personas muerta cada 9 minutos (http://bit.ly/2eOOaZ7)!En total 58.383 vidas fueron arrancadas violentamente por homicidio a lo largo delúltimo año. Fue esto que reveló el más reciente anuario del Fórum Brasileño de SeguridadPública, con base en números oficiales (http://glo.bo/2fdyU9p). Si consideramos que talesnúmeros oficiales generalmente son subestimados, según reveló un estudio recientehecho por el IPEA (Instituto de Investigación Económica Aplicada) sobre “elMapa de Homicidios Ocultos en Brasil”, llegamos a la conclusión de que MÁS DE60.000 PERSONAS FUERON ASESINADAS EN BRASIL A LO LARGO DE 2015 (http://bit.ly/2fCikw0).

    Para tener una idea de la gravedadde esta situación basta pensar que la guerra en Siria mató violentamente, en los últimos 4 años, un total de 256 mil personas. Durante el mismo período, en Brasil,casi 279 mil personas fueron asesinadas. O sea: LA GUERRA NO DECLARADA EN BRASIL MATA MÁS QUE LA GUERRA DECLARADA EN SIRIA (http://glo.bo/2fCat1D). Esos índices Brasileños representan 11,4% DE LOS HOMICIDIOS EN TODO EL MUNDO, según la Organización delas Naciones Unidas (ONU), que ya había alertado poco tiempo antes: cada 100 homicidiosen el planeta, por lo menos 11 ocurren en Brasil (http://bit.ly/1UtR5RY)

    De ese total alarmante, un númeroexpresivo de asesinatos es cometido por policías y/o grupos paramilitares vinculadosdirecta o indirectamente con la policía brasileña. Los números demuestran que porlo menos 9 PERSONAS POR DÍA FUERON ASESINADAS POR LAS POLICÍAS BRASILEÑAS A LOLARGO DE 2015, lo que representa 3.345 VIDAS arrancadas violentamente por la policía(http://glo.bo/2e3yVdp)solo el año pasado. Esto significa que la policía brasileña mata en apenas 6 díaslo que la policía británica, por ejemplo, demora 25 años para matar (http://bit.ly/2gdvljm).Es exactamente eso lo que has leído: ¡6 días versus 25 años!

    Los estudios tambiénindican que hay una fuerte marca racial, social y geográfica en esas muertesviolentas. Según el Informe Final de la CPI (comisión parlamentaria de averiguaciones)de Homicidios Juveniles del Congreso Federal, recién publicado: 63 jóvenesnegros son asesinados por día en Brasil – un joven negro asesinado cada 23minutos (http://bit.ly/2fCgknQ).Los números demuestran, por lo tanto, las conclusiones alarmantes a las que habíallegado el “Mapa de la Violencia de 2016”, estudio anual coordinado por elprofesor Júlio Jacobo Waiselfisz, el cual constató que entre 2004 y 2014 hubo uncrecimiento de 18,2% de homicidios contra negros, en contraposición a una disminucióndel 14,6% de los crímenes contra personas que no son negras o pardas (http://glo.bo/25iOQIe).O sea, el racismo sigue matando (¡y mucho!) en Brasil. Así comola condición económica y social, el CP (código postal) de vivienda, trabajo o estudiode las víctimas preferenciales: jóvenes negros, trabajadores pobres, habitantesde barrios periféricos.

    Finalmente, hay que decir quelos agentes de policía no son solo verdugos en este genocidio. El número de policías —la mayoríanegros y pobres también— víctimas de homicidios cuando están en servicio o descansotambién son altos en el país. El año pasado, por ejemplo, 393 policías fueron asesinadosen forma violenta. Según el anuario del FBSP (Fórum Brasileño de SeguridadPública), los policías brasileños son tres veces más asesinados fuera del horariode servicio que trabajando. Pero en 2015 hubo un crecimiento del 30,5% en elnúmero de policías asesinados: 103 murieron en horario de servicio y 290 fuera,generalmente en situaciones de resistencia a robos (http://glo.bo/2e3yVdp).

    *ES CONTRA ESTE ESCENARIODE GENOCIDIO QUE PROPONEMOS LA CAMPAÑA INTERNACIONAL #BlackBraziliansMatter,#BrazilianLivesMatter*. Se trata de una Campaña Internacional que vamos apresentar en el próximo 17/11, la misma fecha en que presentaremos el libro Mães en Luta – 10 anos dos Crimes de Maio(Madres en Lucha – 10 años de losCrímenes de Mayo), organizado por André Caramante de Ponte Jornalismo, durantelas actividades de #NovembroNegro y del Mes de la Conciencia Negra aquí en Brasil.Se trata de una campaña y de un conjunto de actividades pensadas por las Madresy Familiares de Víctimas Directas de ese Genocidio, personas, familias e historiasreales, de carne y hueso, lutos y luchas. Para nosotras, Madres de Mayo y paranuestra Red de Madres y Familiares de Víctimas del Estado Brasileño, las Madresde Víctimas no tienen Fronteras, las Madres de Víctimas no tienen Raza, Patria niPatrón. Somos Madres y Familiares luchando por la Vida de nuestros Hijos eHijas, ¡sin distinción! Por eso será una campaña organizada junto a una serie demovimientos sociales nacionales e internacionales también, empezando por la red#BlackLivesMatter de Estados Unidos.

    Con la Campaña queremosgritarle al mundo, desde aquí, desde dentro de esta guerra genocida, y sufriendosus terribles efectos: NO ES POSIBLE SEGUIR CONVIVIENDO CON ESTA ERA DE MASACRESY SUS CASOS SANGRIENTOS QUE SE SUCEDEN COTIDIANAMENTE HACE MÁS DE 20 AÑOS, COMOSI FUESE ALGO NORMAL Y COTIDIANO... La Matanza de Acari, la Masacre de laCandelária, la Masacre de Carandiru, la Masacre de Sonho Real (en Goiânia), losCrímenes de Mayo de 2006, la Matanza de Cabula, la Matanza de Manaus, la Matanzade la Messejana (Fortaleza), la Matanza de Natal, de Joinville, los Amarildos, lasClaudias, la Matanza de Costa Barros en 2015, las ejecuciones cotidianas entodo Brasil, hasta el caso más reciente de barbarie policial aquí en el estadode São Paulo: la desaparición seguida de la ejecución cruel de 5 Jóvenes de laZona Este de la capital paulista, ahora en noviembre de 2016.

    Nuestra campaña internacionales para *PONERLE UN PUNTO FINAL A ESTE VERDADERO GENOCIDIO DE LA POBLACIÓN NEGRA,POBRE Y PERIFÉRICA BRASILEÑA!!!*

    Invitamos a todxs lxs quese sensibilizan y concuerdan con esta causa a la *PRESENTACIÓN DE ESTA CAMPAÑAINTERNACIONAL, EL PRÓXIMO JUEVES (17/11), A LAS 18:00 HS EN LA SALA DE ESTUDIANTESDE LA FACULTAD DE DERECHO DEL LARGO SAN FRANCISCO*. Aquí el link del evento: https://www.facebook.com/events/156836831450410/

    A partir de esta actividadse harán otros actos públicos y nuevas acciones, aquí en Brasil y también en otraspartes del mundo, denunciando esta realidad y clamando por una transformación urgente de esta situación.

    *NUESTRAS VIDAS Y LAS VIDASDE NUESTROS HIJOS E HIJAS IMPORTAN!!!*

    *_Por favor, compartan estaconvocación utilizando las 3 hashtags siguientes, juntas:_*

    *#BlackLivesMatter #BlackBraziliansMatter #BrazilianLivesMatter*

    ========Versão Francês/Français=======

    CAMPAGNE INTERNATIONALE \"LES VIES NOIRES SONT IMPORTANTES, LES VIES BRESILIENNES SONT IMPORTANTES!\"

    Au Brésil, 160 personnes ont été assassinées par jour en 2015: une personne tuée à chaque 9 minutes (http://bit.ly/2eOOaZ7 )! Au total 58.383 vies ont été arrachées violemment par homicide au long de la dernière année. Ce chiffre a été révélé par le dernier annuaire du « Forum Brésilien de la Sécurité Publique» (Fórum Brasileiro de Segurança Pública) basé sur des données officielles (http://glo.bo/2fdyU9). En sachant que ces chiffres officiels sont dans la plupart de cas sous-estimés, selon l’étude réalisé par l’IPEA «Le Plan d’Homicides Invisible au Brésil» (Mapa deHomicídios Ocultos no Brasil ), nous concluons que certainement PLUS DE 60.000 PERSONNES ONT ETE ASSASSINEES AU BRESIL AU LONG DE 2015 (http://bit.ly/2fCikw0).

    Pour avoir une idée de la gravité de cette situation, il suffit de se rappeler que la Guerre en Sirie a tué violemment, lors de 4 dernières années, une somme totale de 256 mil personnes. Pour cette même période, au Brésil, presque 279 mil personnes ont été assassinées, ce qui veut dire: LA GUERRE NON DECLAREE AU BRESIL TUE PLUS QUE LA GUERRE DECLAREE EN SIRIE( http://glo.bo/2fCat1D ). Ce taux brésilien représente 11,4% DES HOMICIDES DU MONDE ENTIER, comme l’ONU avait déjà attiré l’attention il n’y a pas long temps : à chaque 100 homicides réalisés sur la planète, au minimum 11 ont été commis avec certitude au Brésil ( http://bit.ly/1UtR5RY ).

    Parmi ce bilan alarmant um chiffre expressif demeurtres est comi par des policiers et/ou des groupes paramilitaires liésdirectement ou indirectement à la police brésilienne. Les chiffres attestentque 9 personnes ont été tués par jourpar les polices brésiliennes au long de l’année 2015, ce quireprésentait 3.345 VIES arrachéesviolemment par la police (http://glo.bo/2e3yVdp) seulementl’année dernière. Ce qui révèle que la police brésilienne tue en 6 joursseulement no nombre de personnes que la police britannique par exemple prendpour tuer en 25 ans (http://bit.ly/2gdvljm). C’est bien ce que vous avez lu: 6 jours contre 25ans!

    Les études indiquent encore qu’il y a um fort record racial, social etgéographique dans ces meurtres violents épidémiques. Selon le Rapport Final deCPI de Homicides Juvenils du Congrès Fédéral publié récemment: 63 jeunes noirssont assassinés par jour ao Brésil – um jeune noir toutes les 23 minutes (http://bit.ly/2fCgknQ). Les chiffes attestent donc les conclusions alarmantes déjà parvenuesdans la “Carte de la Violence de 2016”. Étude annuelle coordonnée par le Pr.Júlio Jacobo Waiselfisz, lequel avait conclu une croissance de 18,2%d’homicides entre 2004 et 2014 contre des noirs, em contrepoint à une réductionde 14,6% contre ceux qui ne son ni noirs ni bruns (http://glo.bo/25iOQIe). C’est-à-dire,le racisme se suit de manière meurtrière (considérablement!) ao Brésil. Ainsique la condition économique et sociale, le code postal de résidence,l’occupation et les études des victimes de préférence: jeunes noirs, humblestravailleurs, habitants de banlieue.

    Faut-il dire enfin que les agentes de police ne sont pas que desbourreaux dans ce génocide. Le nombre des policiers – la majorité également desnoirs et pauvres – est très élevé lorsqu’ils sont en service ou bienen congé.L’année dernière par exemple 393 policiers ont éte tués de forme violente.D’après l’annuaire de FBSP, les policiers brésiliens sont trois fois plus assassinés en dehors des horaires detravail. Mais ne 2015 une augmentation de 30,5% s’est révélé dans les chiffrespour les policiers assassinés: 103 sont morts pendant le travail et 290 endehors du travail, en général en situations de ráction a vol (http://glo.bo/2e3yVdp).

    C’EST CONTRE CE SCÉNARIO DE GÉNOCIDE QUE NOUS PROPPOSONS LA CAMPAGNEINTERNACIONALE #BlackBraziliansMatter ,#BrazilianLivesMatter*.
    Il s’agit d’une Campagne Internationale à être lancée le 17/11 prochain,date où nous lancerons le livre “Mères en Lutte – 10 ans des Crimes de Mai”,organisée par André Caramante de “Ponte Jornalismo”, pendant les activités du#NovembreNoir et du Mois de la Conscience Noire ici au Brésil. Il s’agit d’unecampagne et un ensemble d’activités pensées par les Mères et Familles desVictimes Directes de ce Génocide, des gens, des familles et des histoiresréelles, en chair et en os, des deuils et des luttes. Pour nous, les Mères desMai et notre résau de Mères et Familles des Victimes de l’Etat Brésilien lesMères des Victimes n’ont pas de Frontières, les Mères des Victimes n’ont pas derace, de Patrie nin Patron: Nous sommes des Mères et Familles en lutte pour laVie de nos Fils et Filles, sans distinction! Ce sera donc une campagneorganisée auprès d’une suite de mouvements sociaux nationaux et internationauxaussi, à commencer par le réseau rede #BlackLivesMatter des Etats-Unis.

    C’esst pourquoi nous voulons crier au monde, depuis ici, de cette guerregénocide au Brésil et nous sentons tous ces effets terribles: CE N’EST PLUSPOSSIBLE DE COHABITER AVEC CETTE ÈRE DE CARNAGE ET SES AFFAIRES SANGUINAIRESQUI SE SUCCÉDENT QUOTIDIENNEMENT, DEPUIS PLUS DE 20 ANS, COMME SI CELA ÉTAITNORNAL E BANAL... Le Carnage d’Acari, le Massacre de Candelaria, le Massacre deCarandiru, le Massacre de Sonho Real à Goiania), les crimes de Mai 2006, leCarnage de Cabula, le Carnage de Manaus, le Carnage de Messejana (Fortaleza),le Carnage de Natal, de Messejana (Fortaleza), les exécutions rapides quotidiennespartout au Brésil, jusqu’au cas le plus récent de barbárie policiaire ici dansl’Etat de São Paulo: la dispartion suivie de de l’execution cruelle des 5Jeunes de la Zone Leste de la capitale de São Paulo, três récemment, ennovembre2016.

    Notre campagne internationale est un appel afin que nous puissions ensemble METTRE UN POINT FINAL À CE VRAI GENOCIDE DE LA POPULATION NOIRE, PAUVRE ETISSUE DE LA BANLIEUE BRÉSILIENNE!!!

    Nous invitons à tous ceux qui y sont sensibles partagent cette cause àcomparaître ao
    LANCEMENT DE CETTE CAMPAGNE INTERNATIONALE, JEUDI PROCHAIN (17/11), À18HS, SALLE DES ÉTUDIANTS DE LA FACULTÉ DE DROIT DE LARGO SÃO FRANCISCO. Voirle lien de l’événement ci-dessous:
    https://www.facebook.com/events/156836831450410/

    Depuis lors d’autres actes publics divers seront réalisés et denouvelles actions, ici au Brésil et ailleurs popur denoncer cette réalité etclamer pour une transformation urgente de cette situation.

    NOS VIES ET CELLES DE NOS FILS ET FILLES COMPTENT!!!

    Partagez s’il vous plaît cette convocation em employant les 3 hashtagsensembles ci-dessous:

    #BlackLivesMatter #BlackBraziliansMatter #BrazilianLivesMatter

  • Ocupa X Greve numa lista de discussão

    TOPICO #ocupaxgreve abrimos este topico pra juntar rapidamente elementos pra discussao. Responda usando #ocupaxgreve pra facilitar a  organização do debate. Há uma recente expansão das ocupas nas universidades federais. É importante contribuirmos neste momento, indicando sobretudo os novos elementos que caracterizam a inovação política e organizacional das ocupas dos secundas. Em algumas universidade ja observamos um risco de reprodução de velhas formulas que tendem a esvaziar as universidades. Um problema parecido tbem se apresenta com relacao à forma greve nas universidades. Em suma, que elementos importantes podemos destacar neste momento:
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    #ocupaxgreve  ocupação com aulas mantém a mobilização, a universidade cheia e até uma tensão com os professores tendo que se deslocar de seus lugares de conforto. isso é fundamental para o sucesso da mobilização.
    Greve esvazia a universidade e coloca o controle da mobilização de volta nas mãos dos aparelhos sindicais burocratizados.
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    #ocupaxgreve Os docentes da UFBA apoiam as ocupações, mas já descartamos a greve da categoria. Universidade funcionando é resistência
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    #ocupaxgreve na UFABC tivemos um dia de paralização muito esvaziado. Concordo com a colega, é fundamental ocupar e seguir com as aulas. Mas aulas onde o assunto seja a greve, com debates em pequenos grupos. Me parece fundamental nesse momento que todo mundo possa se expressar, mesmo aqueles que estão a favor da PEC. O dialogo e o debate aberto, e não os posicionamentos ideologicos e intelorantes.
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    #ocupaxgreve Aderimos à greve geral do dia 11/11 e estamos construindo com outras entidades a paralisação aqui na Bahia.
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    #ocupaxgreve No meu ponto de vista greve na educação somente prejudica os próprios grevistas, o Estado não se fere com uma Universidade ou escola parada/esvaziada. O que acredito é que devemos ocupar universidades e escolas num caráter subversivo, construindo saberes de formas diversas do tradicional destes espaços. Concordo muito com a fala da colega, só queria contribuir com estas pequenas reflexões.
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    #ocupaxgreve e não devemos esquecer que tivemos 3 meses e meio de greve inutil no ano passado em muitas federais. O que dificulta muito o apoio à greve de hoje.
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    #ocupaxgreve os aparelhos sindicais aproveitam a greve para misturar a pauta da PEC e do Ensino Médio, justas e populares, com pautas super controversas e sem nenhum apoio da comunidade universitária. Isso já aconteceu ontem na UFF. Enfiaram uma moção contra o marco da ciência e tecnologia, que a maioria da universidade apóia, só os aparelhos são contra.
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    #ocupaxgreve Isso aconteceu ano passado, tínhamos uma bela greve estudantil na UFRJ, com a pauta da assistência estudantil, que todo mundo apoiava. Aí a antiga direção do sindicato impôs uma greve docente que trouxe pra si o protagonismo da mobilização, esvaziou, criou divisão interna e, o pior: dissolveu a pauta dos estudantes em suas pautas sindicais infindáveis e lunáticas.
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    #ocupaxgreve Greve na educação publica tem caracteristicas diferentes de outros setores mas discordo bastsnte que somente prejudica os proprios grevistas. A dinamica é diferente no sentido que não tem uma paralisaçao da produçao de lucro diretamente, mas fazer greve nesses setores significa que os professores e funcionarios tem agora tempo livre pra desenvolver a luta. Em vez de passar horas em aula, se preparando ou fazendo provas etc, todo mundo ganha muitas horas por dia, que antes estariam ocupados, pra poder se dedicar a como pensar e colocar em pratica a luta qie tem que ser feita. Ela gera tempo e espaço pra conseguir fazer a luta, em outros setores só fazer a greve ja é a luta em si.
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    #ocupaxgreve Na educação superior pública é diferente da educação básica. Não colocaria as duas greves do mesmo jeito.
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    #ocupaxgreve O problema é que na prática, durante as greves na educação pública que vivi pelo menos (2012 na UFPE, 2014 e 2016 na USP) a Universidade fica vazia onde as \”vanguardas\” tem presença política, enquanto o resto da Universidade vive como se nada estivesse acontecendo.
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    #ocupaxgreve. Não sou a favor de greve nas universidades agora, por vários motivos. Mas ocupa com aulas também não me parece tão produtivo…Não é isso nas escolas. As ocupações em instituições burocráticas de ensino ou são mais interessantes, me parece. Só vale dizer que a greve aqui na UFSCar não foi inútil, ela possibilitou uma discussão politica interna muito boa, a formação de coletivos e reflexão, muitos CAs nasceram ali, etc.
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    #ocupaxgreve o dado objetivo é que a força de uma greve está em paralisar a produção. Isso nunca acontece em greves de universidade. Todos seguem fazendo bancas, preenchendo Lattes e entregando relatórios para as agências de fomento em pesquisa. A introdução da racionalidade neoliberal via avaliação contínua minou a capacidade de enfrentamento político de professores que viraram empreendedores de si. Não estou certo se o modo ocupação resolve isso, mas já uma movida diferente. A universidades já se transformam em um dos principais centros de produção e reprodução da força de trabalho no capitalismo imaterial, com investimentos passados na subjetividade por via tolerante e democrática. É preciso forjar uma nova arma, que como a greve, tenha poder de botar medo no patrão.
    Em 2012 vivi uma greve-ocupação como professor na PUC-SP. Era uma greve política contra a nomeação de uma reitora não escolhida pela comunidade puquiana. A greve foi incrível, com adesão e atividades diárias. Mas não alcançou seu objetivo. E vieram depois as vinganças institucionais. Como disse, a ocupação é certamente mais interessante do ponto de vista educativo e produz transformações na subjetividade das pessoas que são difíceis de mensurar, mas em termos objetivos também não tem força de paralisar a produção. Quarta conversei rapidamente com um colega sobre isso: como o trabalhador precário/inteiramente/intelectual faz greve? Deixa de responder email? Quando força de trabalho vira capital humano e o que se faz para viver se transforma também no que se faz da vida, resistência e existência se implicam e estamos muito mais expostos às capturas do Estado e do Capital. #ocupaxgreve
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    #ocupaxgreve tem um texto do Negri sobre a Greve Abstrata, apresentado em um encontro interessante chamado ABSTRIKE. Ou seja: como repensar a forma greve em tempos de capitalismo cognitivo?
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    #ocupaxgreve um modo de greve muito mais eficaz seria a greve de lattes, e não uma greve onde paramos aulas na graduação para engordar ainda mais o lattes
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    #ocupaxgreve a valorização em cima de nosso trabalho intelectual se dá no sentido inverso desse. A graduação é onde somos menos capitalistas. Por isso a aula não pode parar. A greve tem que ser na produção intelectual, que acumula no capitalismo cognitivo #ocupaxgreve
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    #ocupaxgreve Também acho. Aliás, as greves em geral, atingem só a graduação, o que é pior que não fazer greve.